terça-feira, 28 de julho de 2009

O Capital Social

O Capital Social

Uma única inovação ocorrida no século XV teve enorme influência para o progresso, a inclusão social e a redução da pobreza. Foi a invenção do conceito de capital social pelo frei Luca Paccioli, o criador da contabilidade. Esse conceito perdura até hoje em todos os contratos sociais e balanços das empresas brasileiras.
Antes de Luca Paccioli, um comerciante ou produtor que não pagasse suas dívidas poderia ter todos os bens pessoais, como casa, móveis e poupança, arrestados por um juiz ou credor; como ainda ocorre em muitos casos no Brasil.
Só um louco varrido abria uma empresa para gerar produção e empregos para os outros. Por isso, na época, todo mundo produzia somente para si, reinava o egoísmo total. Produzir para os outros como se faz atualmente, nem pensar.
O conceito de capital social permitiu a criação da empresa de responsabilidade limitada. Depois de Paccioli, se você montasse um negócio, sua responsabilidade, ou "desgraça", ficaria limitada ao capital social, e não abrangeria a totalidade de seus bens pessoais, como antes.
Milhares de pessoas com competência administrativa e empreendedora começaram a produzir para os outros, e não somente para si, empregando trabalhadores até então desempregados, sem medo de perder tudo se a empresa fracassasse. Desde então, o mundo não pára de se desenvolver, com exceção da América Latina, que ainda não entendeu o conceito.
O capital social é o capital que os acionistas oferecem à sociedade para garantir que empregados e fornecedores recebam no final do mês. Diferentemente do que se ensina, o capital não pertence aos acionistas, e sim à sociedade – daí o termo social.
Os contadores e técnicos de contabilidade vão concordar comigo, pois eles colocam o capital social numa categoria chamada "não exigível", justamente porque são dívidas que não podem ser "exigidas" pelos acionistas enquanto a companhia existir.
Estes somente têm o "direito" de reaver o capital se a empresa fechar. Como empresa rentável nunca fecha, o dinheiro nunca volta para o seu legítimo dono.
Duzentas mil famílias brasileiras compraram nos últimos anos ações da Gol, Dasa, Copasa, Porto Seguro, Rossi, Gafisa, OHL, Iochpe, Grendene, Natura, Cyrela, Cosan, UOL e nunca mais verão a cor daquele dinheiro. Essas empresas jamais devolverão o dinheiro "investido", porque ele agora faz parte do seu capital social.
Essas famílias se juntaram a mais outros 2 milhões de investidores altruístas que ofereceram sua suada poupança à sociedade brasileira, subscrevendo o capital social da Petrobras, Banco do Brasil, Vale, Telesp, Eletrobrás, e assim por diante.
Todos eles, se precisarem de dinheiro, terão de torcer para que alguma alma caridosa ou tão altruísta como eles compre esses seus "direitos não exigíveis" no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo. Isso se essas empresas continuarem a ser bem sucedidas e a América Latina r
esistir à onda anti-social que vem por aí.
Em troca de oferecer capital social à sociedade, você fará jus a uns míseros dividendos de 3% ao ano, e em 33 anos você terá seu dinheiro de volta. Isso se a empresa não quebrar ao longo do caminho. Aí, seu "capital social", ou o que sobrar dele, será distribuído aos trabalhadores e fornecedores e você não receberá absolutamente nada.
A maioria dos intelectuais da América Latina ainda conclama seus alunos a lutar pela completa "destruição do capital social" do mundo. Muitos cientistas políticos e sociólogos usam o termo capital social de forma equivocada, uma tentativa deliberada de confundir o leitor.
No Brasil, administrador que não puder pagar as suas contas, incluindo-se os impostos, perdia seus bens pessoais, porque a legislação permitia aos juízes bloquear suas contas pessoais, apesar de você ter claramente disponibilizado capital social para a sociedade.
Felizmente, isto está lentamente mudando. A lei 8620 foi revogada pela lei 11.941, e não mais se permite o confisco de bens pessoais, somente do capital social da empresa, para débitos com a previdência.


This item is from "Stephen Kanitz"


Leia em http://blog.kanitz.com.br três interessantes comentários a respeito.

sábado, 18 de julho de 2009

Comentário sobre o Administrador e o Líder

Tenho tentado colocar comentários nos seus blogs mas eles não aparecem, então estou lhe mandando um e-mail com meus comentários. Se você quiser pode colocá-lo no blog de Administração.
Esse é um assunto que me corrói: Administração.
Isso porque eu fiz faculdade e trabalho com isso há 35 anos.
Na sua última postagem começa o artigo afirmando que o Administrador precisa ser líder mas o líder não precisa ser O Administrador.
Esse O é importantíssimo e nem sei se o autor observou isso. Senão seria o mesmo que dizer: A Medicina é o ofício do Médico, mas o Médico não precisa entender de Medicina....seria estranhíssimo...
O texto leva a outro fato. Liderar sem Administrar se chama Política e isso se tornou, no Brasil, com a era Lula, o jeito de ficar o tempo todo tentando falar...falar... o que se tem que fazer...sem saber como fazer...
Política deveria ser algo temporário, o suficiente para se colocar as pessoas certas nos lugares certos sob as regras da modernidade, ou seja, a Democracia.
Isso feito, nada se realizará sem o Adminstrador. Por isso temos no sistema Presidencialista a figura do Parlamentar (Câmara e Senado) que falam...falam.... e a figura do Presidente, executivo.
Como pode o presidente ser líder e não saber Administrar?
Aí gera minha indignação sobre a “ignorância” das pessoas sobre Administração, como se isso fosse só colocar as coisas no lugar. É por aí que um sujeito abre uma empresa e acha que pode sozinho cuidar dela e acaba em apuros.
O nosso amigo JJAyres vive batendo na tecla do Parlamentarismo. Nele o Lula se encaixaria muito bem, pois a figura do Presidente é meramente Política, por força das regras. Aí sim seria um Líder. E o Primeiro Ministro é o Executivo, o Administrador. Então temos duas pessoas para cumprir a função de o Estado funcionar.
Eu saí do Seminário quando estava no 2º. Ano de Administração (PUCC, na época) e fui trabalhar na GE equipamentos pesados, em Campinas. Fui estagiário em Administração, na fábrica toda, e depois efetivado em um setor staff da diretoria. E lá tudo funcionava porque tudo estava no seu lugar. Construir enormes locomotivas, enormes transformadores para hidrelétrica bem como turbinas era algo monstruoso, mas tudo acontecia.
Ao me enfronhar em como tudo funcionava aprendi técnicas apuradas de Administração, só para ilustrar, Organogramas, Fluxogramas, Cronogramas, PERT-CPM, etc como exemplos mais simples. Olhar um desses trabalhos é como o especialista que olha para um raio-x, que você não vê nada, e enxergar o funcionamento, normal ou anormal.
Então, o Administrador é sim um líder técnico, para quem sabe o que são as ferramentas ditas acima. As pessoas, segundo a Filosofia do “..eu acho...” estão contaminadas apenas pelo conceito Político.
Por que há tantos problemas na Segurança? Na Saúde? No Transporte (veja a incompetência Ferroviária), etc,etc.
Para liderar soluções efetivas para tudo isso o Executivo tem que além de Liderança, ter competência técnica e isso se chama Administração, e isso não é adquirido através de votos democráticos e nem delegado a baixo escalão.
Classe Administrativa! Erguei-vos pela vossa honra!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O Administrador e o Líder II

O Administrador precisa ser líder, mas o líder não precisa ser necessariamente o administrador. A habilidade de liderar uma equipe depende muito do indivíduo que se propõe ou é proposto a guiar ou conduzir um grupo.
Liderança é a união dos membros de um grupo em torno de algum personagem central. Líder é a pessoa capaz de dirigir um grupo a seus objetivos, a pessoa selecionada por membros do grupo para os chefiar.
O Administrador recebe “poderes” para controlar e afetar a capacidade dos subordinados, mas, para obter melhores resultados deve dirigi-los para agirem de livre e espontânea vontade e não coagi-los.
A necessidade de liderança aparece quando o Administrador se ausenta. Haverá desmobilização do esforço, mesmo que os subordinados tenham muito entusiasmo, porque sem orientação da liderança, cada subordinado tende a seguir seu próprio caminho.
Para um Administrador se tornar um líder autêntico é necessário que ele pratique algumas ações:

- comportamento ético,
- aperfeiçoamento pessoal,
- aprimoramento profissional,
- estímulo à motivação do grupo,
- desenvolvimento do potencial criativo dos subordinados,
- conhecimento dos segredos da convivência em um ambiente permanente de mudanças.

O Administrador Socialmente Responsável

Aquecimento Global e Energia Solar


Achar que os chineses, indianos e brasileiros irão reduzir sua vontade de serem ricos, só para acalmar os ecologistas americanos que vão de seminário para seminário de avião, treinam nas esteiras de seus hotéis, fazem dieta porque são em média 30% acima de seu peso, é uma das maiores hipocrisias da história dos movimentos sociais.
Infelizmente, muitos intelectuais brasileiros aderem às ideias contagiantes norte-americanas sem pestanejar, sem ao menos exigir que os americanos e europeus recriem as suas florestas temperadas, antes de saírem defendendo a floresta tropical.
Eu vou resumir o que penso em 4 parágrafos.
1. Os gastos de energia irão aumentar, e é nossa função como administradores sociais, atender aos anseios dos mais pobres, de terem a mesma qualidade de vida que o americano e europeu médio, e o intelectual brasileiro tem.
2. Em vez de lutar pelo "consumo consciente", redução do crescimento do PIB, nossa missão é gerar fontes de energia que não emitam carbono. Quanto mais energia limpa gerarmos, mais energia teremos para usar inclusive para retirar o carbono que os americanos, europeus e estes intelectuais já despejaram na atmosfera.
3. A energia mais limpa é a energia nuclear. É a usina de fusão, a mais violenta e poderosa fonte que existe, e que está funcionando há mais de bilhões de anos. O sol.
4. Os 722 quatrilhões de BTUs que precisamos, é uma fração de energia que recebemos do sol, 1% da área da terra com coletores solares seria suficiente, e tenho certeza que empresas irão suprir esta tecnologia mais cedo do que se imagina.
"Algo será feito", não por políticos, sociólogos, economistas ambientais, mas por administradores socialmente responsáveis, que trabalham em vez de darem palestras alarmistas.
Empresas alemãs, entre as quais a Siemens, que já inventou um coletor que converte 45% da energia solar por faixa de cor, estão criando a Desertec, que deverá alimentar a Europa com energia solar em 10 anos.
Enquanto a mesma turma de catastrofistas sai gerando pânico entre crianças sem mostrar soluções, as "corporações", os odiados "executivos de empresas com seus MBA's", o capitalismo "selvagem" é que se coloca a serviço da população mais pobre que quer ter o mesmo padrão de consumo que os intelectuais, que se opõem.
Joãozinho Trinta tinha razão.

This item is from "Stephen Kanitz"

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Administrador e o Líder

O desempenho do Administrador exige um alto grau de conhecimento das modernas técnicas administrativas, exatamente em função da alta velocidade com que recebemos ... e até ... processamos as informações hoje em dia.
Os modernos meios de comunicação se encarregam de torná-las altamente voláteis e mutáveis, obrigando que todos nós permaneçamos em constante observação das novidades que, a qualquer momento, podem ser vitais para a sobrevivência de nosso emprego ou de nosso negócio.
Do administrador é exigida a aquisição de conhecimento especializado, aptidão analítica e capacidade de utilização de instrumentos e técnicas específicas de cada função.
Para que o administrador também seja um líder é necessário que desenvolva a capacidade de interagir com equipes de trabalho, trabalhando eficientemente como integrante de um grupo, mas, responsável pelo resultado da equipe.
É muito importante que saiba perceber suas próprias atitudes, opiniões e convicções, exatamente para poder respeitar as personalidades individuais das pessoas de seu grupo de trabalho. É fundamental aceitar e levar em conta opiniões e percepções diferentes das suas.
Agora, a personalidade do indivíduo influi decisivamente no comportamento do líder. Então, o exercício da liderança é uma ARTE que pode ser aperfeiçoada mediante treinamento, e principalmente, através do autoconhecimento.

E, isso, DEVE SER FEITO TODO DIA !!!

São exatamente esses aspectos da liderança que pretendemos abordar paulatinamente na seqüência de postagens.

Caritas in veritate

"Caritas In Veritate"

A Nova Encíclica do Papa Bento XVII


Administradores socialmente responsáveis se sentirão fortalecidos com a nova encíclica, que defende como nunca foi defendido antes, a importância do administrador de empresas como o mentor de uma justiça social na empresa.

"Nos últimos anos, notou-se o crescimento duma classe cosmopolita de gerentes, que muitas vezes responde só às indicações dos acionistas da empresa constituídos geralmente por fundos anônimos que estabelecem de fato as suas remunerações. Todavia, hoje, há também muitos gerentes que, através de análises clarividentes, se dão conta cada vez mais dos profundos laços que a sua empresa tem com o território ou territórios, onde opera."Nos últimos anos, leia-se 100 anos, pois em 1909, Harvard Business School identificou esta nova classe de gerentes, e criou um curso para formar administradores socialmente responsáveis, que cuidariam dos "stakeholders" e não somente dos "stockholders", como faziam os empresários.

Diz Bento. "Dentro do mesmo tema, é útil observar que o espírito empresarial tem, e deve assumir cada vez mais, um significado polivalente. A longa prevalência do binômio mercado-Estado habituou-nos a pensar exclusivamente, por um lado, no empresário privado de tipo capitalista e, por outro, no diretor estatal. Na realidade, o espírito empresarial há de ser entendido de modo articulado, como se depreende duma série de motivações meta-econômicas."
Só que estes novos administradores foram duramente combatidos pelos empresários que os viram como uma ameaça, e pelos dirigentes estatais, ao longo destes 100 anos.


Ou seja, a opção mercado-Estado, do empresário de um lado e do diretor estatal indicado pelo Partido do outro, não são as únicas opções. Existe outra, a qual temos defendido há 100 anos, de entregar ou pulverizar o poder a milhares de administradores socialmente responsáveis. Algo que a esquerda e a direita, incluindo a Igreja, nunca defenderam. Até agora!"Apesar dos parâmetros éticos que guiam atualmente o debate sobre a responsabilidade social da empresa não serem, segundo a perspectiva da doutrina social da Igreja, todos aceitáveis, é um fato que se vai difundindo cada vez mais a convicção de que a gestão da empresa não pode ter em conta unicamente os interesses dos proprietários da mesma, mas deve preocupar-se também com as outras diversas categorias de sujeitos que contribuem para a vida da empresa: os trabalhadores, os clientes, os fornecedores dos vários fatores de produção, a comunidade de referimento."
Papa Bento repete a nossa luta pela defesa do "stakeholder", contra a direita que sempre defendeu o "stockholder", e a esquerda que sempre defendeu o "stockholder Estado", com todos os problemas de autoritarismo que a história retratou.


Papa Bento não percebe claramente este novo protagonista do administrador, parece que ele está sugerindo que este protagonismo seja criado, mas já é um avanço. Falta uma comitiva de administradores mais religiosos fazer uma peregrinação ao Vaticano, e contar a nossa história de 100 anos.

Uma das razões que Harvard decidiu criar o curso já em nível de Pós-Graduação, foi para dar status imediato a esta nova classe. Harvard só tinha 3 cursos de Pós: Medicina, Direito e Teologia.

"Precisamos criar um novo protagonista da ética e da moral, já que nossos teólogos estão perdendo espaço, e nossos advogados estão preferindo as bancas de Wall Street e não a magistratura", defendia o Dean de Harvard na época. Com 100 anos de atraso, este apoio incial do Papa é bem-vindo e precisa ser divulgado.

This item is from "Stephen Kanitz"
in O Administrador Socialmente Responsável

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Liderar é preciso!

Não basta administrar!

O gestor precisa ser um líder, capaz de mobilizar sua equipe e de dar condições para que ela se desenvolva e chegue aos resultados esperados.
Para isso, precisa identificar aspectos essenciais da complexidade humana nas situações de trabalho, aumentar a consciência coletiva da importância dos relacionamentos na empresa e contribuir para desenvolver novas competências humanas e organizacionais adequadas ao mundo em permanente mudança.
O administrador deve levantar as necessidades de aprimoramento de sua equipe e estabelecer com ela os planos para esse desenvolvimento. Mas, para isso, é preciso ter disposição para ouvir as pessoas que estão em contato com o mercado, ou seja, a equipe.
O administrador precisa também assumir atitudes de compromisso e compartilhamento da gestão, além de favorecer inovações, proporcionar a aproximação entre níveis gerenciais e reconhecer valores individuais e grupais.
Sem esquecer de gerir o clima organizacional para melhorar o índice de satisfação dos funcionários e facilitar o seu engajamento nas políticas de atuação no mercado e obtenção de resultados definidos pela Organização.
Trabalhar em um bom ambiente é fundamental para a equipe contribuir para uma produtividade duradoura. Um clima satisfatório reflete nos resultados da empresa e na qualidade de vida do funcionário.
Ufa!
O gestor moderno necessita possuir muitas habilidades.
Algumas habilidades podem ser consideradas traços da personalidade ou ser adquiridas com a experiência, mas a grande maioria pode ser desenvolvida com treinamento.
Tudo isso para contribuir com um ambiente em que seja possível a satisfação e o comprometimento.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Trapaceadores e Cooperadores

Fernando Reinach escreve um interessante artigo em "O Estado de São Paulo", que deveria ser lido por todo mundo. Se você quiser entender o mundo, a política, a sociologia, o passado e, especialmente, o futuro, o artigo e o assunto que ele aborda são essenciais.
Existe toda uma literatura sobre trapaceiros e cooperadores. "Minha terra dá banana e aipim. Meu trabalho é achar quem descasque por mim", já cantava Noel Rosa.

Cooperadores são aqueles que se unem de forma solidária para produzir em conjunto mais do que se poderia produzir individualmente.
É o espírito de uma empresa, da sociedade anônima, em que pessoas estranhas entre si cooperam para o bem comum, produzindo o que a sociedade realmente precisa.
Técnicas de administração, RH e contabilidade são necessárias para organizar estas pessoas estranhas entre si, naturalmente desconfiadas umas das outras.
O modelo anterior da caça e da agricultura era eminentemente familiar e tribal, em que todos tinham algum parentesco entre si.
O problema é que, nessa cooperação entre pessoas estranhas entre si, alguns trapaceiam.
Em vez de cooperarem, eles acham formas de que uns trabalhem descascando a banana, enquanto comem o que outro produziu.
Leiam o artigo do Fernando Reinach e olhem à sua volta.
Depois, tomem um Lexotan.

Artigos Estado de Sao Paulo.
This item is from "Stephen Kanitz"

terça-feira, 7 de julho de 2009

Os perigos do exagero...


Os Perigos do Exagero

No meio da uma crise de confiança no sistema financeiro americano, vários economistas e ecologistas, em vez de acharem uma solução para os problemas atuais e procurarem os devidos canais de governo, decidiram sair a público defendendo as suas próprias agendas pedindo soluções para o aquecimento global.
É como numa crise financeira de casal: um dos dois decide discutir o dia que o outro não cumprimentou a sogra ou o sogro, deixando a crise financeira fica sem solução.
Al Gore mostra em filme de vasta repercussão que a Flórida, Nova York e Xangai seriam inundadas, algo que as Nações Unidas já desmentiram.
Mas muitos acham que esse tipo de exagero é necessário para gerar indignação e ação numa população que muitos consideram apática e alienada. "É para o bem de todos", costumam dizer.
Acontece que crianças de 5 a 10 anos não são nada apáticas e alienadas: elas acreditam em tudo que contamos, inclusive em Papai Noel.
Num excelente
artigo, Bjorn Lomborg mostra como crianças estão entrando em pânico, achando que elas não têm mais futuro, devido às previsões catastrofistas em que a premissa, novamente, é que "nada será feito para corrigir o problema".
Aliás, existem filmes sobre aquecimento global feitos especialmente para crianças, justamente aqueles que "nada poderão fazer" até se tornarem adultos, daqui 20 anos. Isso, obviamente, os deixa ansiosos.
Qualquer psicólogo irá lhe provar que ansiedade é gerada por problemas que você acha que não conseguirá resolver, ou que não tenha capacidade para evitar. É o caso típico de uma criança.
Há livros infantis que estão martelando sobre os riscos à biodiversidade, ecologia etc., como se as crianças pudessem reduzir os hábitos de consumo de seus pais.
Temos Universidades e Centros de Pesquisa e Estudo para que estes temas sejam discutidos, os piores medos aventados e as soluções encontradas. São aqueles que fracassam na academia que saem assustando a galera.
Voltamos ao mesmo problema do pânico gerado em depositantes de bancos americanos, quando economistas americanos, ao invés de procurarem o FED para alertarem-no da suposta iminente quebra de 200 bancos, foram direto para a imprensa.
Exageros têm conseqüências. Segundo Lomborg, 54% dos americanos agora acreditam que a imprensa está retratando o aquecimento global de forma mais sensacionalista do que realmente é.
Na Inglaterra, 40% já acham que o aquecimento é um exagero. E aí o efeito será justamente o contrário: menos pessoas irão trabalhar para evitar emissões de carbono.
Márcio Pochmann, do IPEA, mostrou pesquisa semelhante na área da Economia. Muitos desempregados, com as notícias de queda de 4% no PIB e de que o "o ano já está perdido", deixaram simplesmente de procurar emprego, num fenômeno do desalento.
Desiludidos, saem das estatísticas de desempregados, já que, tecnicamente, o desempregado é aquele que responde afirmativamente à seguinte pergunta: "Você está há 30 dias procurando emprego?"
Quem responde "não mais" é considerado aposentado, e não desempregado.
Intelectuais precisam ser socialmente responsáveis, como o resto da população. Assustar crianças e velhinhas titulares de depósitos bancários simplesmente para chamar atenção à sua agenda pessoal, fora dos mecanismos de debate, fóruns, universidades e simpósios que existem aos montes, é fugir ao debate e aos procedimentos científicos de validação de evidências e verificação da falseabilidade das conclusões.

This item is from "Stephen Kanitz"

Voando sem instrumentos!!!

Voando Sem Instrumentos


No Brasil, devido à inflação galopante, que chegou a 80% ao mês quando Maílson da Nóbrega estava no comando da Fazenda, contadores brasileiros desenvolveram uma tecnologia que vou chamar de Contabilidade Just In Time.
Contabilidade Just In Time é a contabilidade que permite a uma empresa produzir seus Demonstrativos Financeiros instantaneamente: digamos em 2 horas depois de encerrar o expediente do dia.
Ou saber a situação da empresa às 2.00 horas da tarde, mesmo não encerrado o dia de trabalho.
Foi esta Contabilidade Just In Time que permitiu ao Banco Central "liquidar" o Banco Fonte Sindan no dia da desvalorização do real, sem deixar pendências. Levantou-se em horas a real situação do banco, e cobriram o furo de caixa sem traumas maiores para o resto do sistema financeiro.
Os contadores americanos nunca desenvolveram uma Contabiliade Just In Time. Demoram semanas para produzirem seus relatórios financeiros, até consolidarem os dados das subsidiárias no mundo inteiro.

Assistam (no blog do Kanitz http://blog.kanitz.com.br) a um vídeo assustador em que o deputado ALAN GRAYSON descobre que a inspetora do FED ELIZABETH COLEMAN não tem a menor idéia de onde estão os 9 trilhões de dólares do pacote de salvamento proporcionado pelo próprio FED. Vale a pena assistir para aumentar a auto-estima brasileira.
É o que está acontecendo agora nos Estados Unidos: eles estão voando sem instrumentos. Eles estão tomando medidas após medidas, sem resultado. Isso porque não sabem dosar nada corretamente, uma vez que não têm os dados corretos.
Parabéns, contadores brasileiros! Estamos saindo desta crise porque, dentre outras coisas, temos a contabilidade mais ágil do mundo, com instrumentos para pilotar durante uma tempestade.

This item is from "Stephen Kanitz"

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Unifórum - ABC

UNIFÓRUM – 5ª Edição

Uma grande sala de aula. Foi assim a 5ª Edição do Unifórum – Encontro dos Estudantes de Administração do Grande ABC, que reuniu 1.700 alunos para assistir à palestra do professor-doutor Otto Nogami, sobre o tema “Crise – Desafios para a Gestão”.
O evento foi realizado em 5 de maio, no Centro de Formação dos Profissionais da Educação (Cenforpe), em São Bernardo do Campo, com a participação de estudantes de 12 instituições de ensino superior da região do ABC Paulista.
O evento, que contou com o patrocínio do CRA-SP enfatiza a importância da formação oferecida pelas universidades. A discussão feita no meio acadêmico é fundamental para o dia-a-dia.
Teoria e prática devem andar juntas, e esse tem sido o espírito do evento, explica o professor Luiz Silvério Silva, um dos coordenadores do Unifórum e diretor da Faculdade de Administração e Economia da Universidade Metodista.

Canal Aberto – Revista Administrador Profissional n° 276, junho/2009.

O lugar do Administrador na recuperação judicial

MÃOS HÁBEIS DIANTE DA CRISE

O tema da recuperação judicial vem ocupando as páginas de economia dos principais veículos de comunicação nacionais desde que a crise econômica mundial passou a se refletir mais efetivamente no Brasil, a partir de agosto de 2008.
De lá para cá, essa ferramenta legal, que permite às empresas uma flexibilidade maior no pagamento de suas dívidas junto aos credores tornou-se cada vez mais utilizada.
O quadro não se alterou mesmo com as medidas tomadas pelo governo brasileiro para reverter o cenário negativo que se avizinhava.
Para se ter uma ideia, ainda que tenha havido mudanças significativas de estímulo à entrada de capital estrangeiro, à redução dos juros bancários e ao aumento no poder de consumo, entre outras, o número de pedidos de recuperação judicial nos cinco primeiros meses deste ano, foi muito superior ao verificado no mesmo período de 2008.
A conclusão imediata é a de que as empresas ainda não operam em patamares suficientes para a resolução dos problemas financeiros advindos dessa conjuntura nitidamente desfavorável.
O crescimento vertiginoso desse tipo de mecanismo legal não significa, necessariamente, um bom uso de suas potencialidades. Aliás, é digno notar a má exploração dos processos de recuperação judicial.
No entanto, o panorama não se configura de todo desolador. A presente perspectiva de subaproveitamento pode ser revertida de maneira bastante eficiente se a classe de administradores ocupar o espaço estratégico que lhe cabe na configuração desse recurso legal.
São características quase que exclusivas do administrador a independência e a imparcialidade no relacionamento com os credores, mas igualmente no enfrentamento das questões jurídicas inerentes à nova Lei de Falências.
Sua visão abrangente e, ao mesmo tempo, operacional e financeira permite que ele assuma com qualidade o lugar de atento estrategista para descortinar esse peculiar processo, que tem se apresentado, simultaneamente, de maneira tão complexa e difundida no cenário atual.
Traçando uma analogia, é como se estivéssemos diante de um intrigante, porém instigador cubo mágico. Sua solução necessita de precisão, método e de mãos habilidosas para ser desvendada de forma prática e inteligente.

Adm. Walter Sigolo
Presidente do Conselho Regional de Administração de São Paulo

Publicação da revista Administrador Profissional n° 276, de junho/2009

sábado, 4 de julho de 2009

Por uma Administração Sustentável

ADMINISTRAÇÃO Á LUZ DA SUSTENTABILIDADE

Colocando em termos simples, sustentabilidade é prover o melhor para as pessoas e para o ambiente, tanto agora como para um futuro indefinido.
Isso é muito parecido com a filosofia dos nativos dos Estados Unidos, que diziam que seus líderes deviam sempre considerar os efeitos das suas ações nos seus dependentes após sete gerações futuras.
A Gestão Sustentável é uma capacidade para dirigir o curso de uma empresa, comunidade ou país por vias que valorizam, recuperam todas as formas de capital, humano, natural e financeiro de modo a gerar valor ao Stakeholders (Lucro).
A Gestão deve ser vista sempre como um processo evolutivo de trabalho e gestão e não somente como um projeto com início, meio e fim. Se não for conduzida com esta visão, a tendência de se tornar um modismo dentro da empresa ou do país e logo ser esquecida ao sinal de um primeiro tropeço é grande. Muitos esforços e investimentos têm sido gastos sem o retorno esperado..
Se pensarmos que 10% de tudo o que é extraído do planeta pela Indústria (em peso) é que se torna produto útil e o restante é resíduo, torna-se urgente uma Gestão Sustentável que nos leve a um consumo sustentável e também minimizar a utilização de recursos naturais e materiais tóxicos.
Pois, segundo o professor e presidente da Comissão de BioEnergia do Estado de São Paulo, José Goldenberg, se continuarmos consumindo os recursos nesta velocidade, daqui há 50 anos serão necessários dois planetas Terra para manter a humanidade.
O desenvolvimento sustentável não é ambientalismo nem apenas ambiente, mas sim um processo de equilíbrio entre os objetos econômicos, financeiros, ambientais e sociais.
Neste momento é criada uma grande oportunidade aos Administradores na liderança de projetos sustentáveis nas empresas que, cada vez mais buscam profissionais para o desenvolvimento de ações que aumentem a qualidade durante o processo produtivo, bem como tragam melhorias no relacionamento com a sociedade, de forma mais consciente, sem agredir nossos recursos naturais.
A Administração Sustentável é uma questão de sobrevivência da Humanidade.

Adm.Walter Sigollo (8094) – Presidente do CRA-SP
Publicado na revista Administrador Profissional nº 275, de maio/2009.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Senado?

Precisamos do Senado?

Para quê?

Para quem?

Vejam artigo de Stephen Kanitz:




Numa democracia somos todos iguais.
Portanto, não é aceitável que 3 Senadores tenham 20 a 30 vezes mais poder de voto do que um Deputado do mesmo Estado.
Por que 81 Senadores podem votar novamente as mesmas leis aprovadas por 513 Deputados ? Que lógica é esta se todos somos iguais?
Por que precisamos de um Senado para fazer exatamente a mesma coisa pelos Deputados eleitos pelo povo?
A Inglaterra possui a Câmara dos Lords, mais como forma figurativa e que, como a Rainha da Inglaterra, não tem poderes.
Quem os tem é a Câmara dos Comuns.
Muitos países só possuem a Câmara de Deputados -- o que faz sentido, afinal "o poder emana do povo". É o caso dos países comunistas. como a extinta URSS e China, e de outros países como Israel e (para nós o mais importante) Portugal.
Nos Estados e Municípios, não existem "senados" locais.
Infelizmente, nossos legisladores constitucionais se inspiraram na França e nos Estados Unidos, e criaram a "República Federativa do Estados Unidos do Brasil", para atenderem às oligarquias regionais.
Tanto é que os escândalos do Senado são, na verdade, escândalos de oligarquias.
Nos Estados Unidos, que começaram com 6 Estados, o Senado era necessário para acalmar os novos ingressantes com a figura de veto estadual.
O Senado, portanto, é uma construção histórica, e não o fruto de aspirações democráticas.
Os estudiosos que o defendem alegam que é interessante que toda proposta de legislação passe por dois crivos, para que nenhuma lei passe por somente 50,9% do votos, ou somente por 1 voto, como muitas vezes ocorre.
Nesse caso, bastaria um veto presidencial para exigir nova votação.
Como as chances de se extinguir nosso Senado é quase nula, vou propor uma outra solução para se reduzir pelo menos os custos monumentais desta instituição, na casa dos R$ 6 bilhões ao ano.
Como o Senado representa os interesses dos Estados da União, não precisamos de 3 Senadores. Basta um.
Não faz sentido o Governador eleito ser de um partido e o Senador, que representa o mesmo Estado, ser de outro.
Ambos teriam de ser do mesmo partido.
Assim, sugiro como Senador do Estado o Vice-Governador, que, a rigor, fica 4 anos sem fazer nada.
Os assistentes seriam os Secretários do Estado, já que precisam trabalhar em conjunto para a defesa dos interesses do Estado.
Manteríamos um sistema bicameral, com 6 bilhões de economia para a nação.
Fortaleceríamos os Governadores, que hoje precisam implorar recursos ao Governo Federal, viajando para Brasília com o pires na mão.
Governadores e Senado estariam trabalhando em conjunto.
O Senador Vice-Governador também teria de ser do mesmo partido, resolvendo o problema da crise-do-vice, para o qual nos alertou o cientista político Alexandre de Barros.
Os 3 Senadores hoje defendem hoje os interesses políticos de seu partido, e não os de seu Estado.
O ideal, no entanto e como disse acima, seria simplesmente eliminar totalmente o Senado, por ser anacrônico, fruto da política da época, e totalmente antidemocrático.
Mas enquanto esperamos, pelo menos reduzamos de 3 Senadores para 1, e que esse 1 seja, de preferência, o Vice-Governador, que finalmente terá que trabalhar para receber o seu salário atual.

This item is from "Stephen Kanitz

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Administrador e o Empresário

Repetindo a postagem de 30.05.2009 do claudiiblog, por ser pertinente a esta área.

A Ascensão do Administrador e a Decadência do Empresário.

O caso Sadia-Perdigão.A fusão da Perdigão com a Sadia (na realidade, o salvamento da Sadia pela Perdigão) foi fruto de uma mudança de mentalidade que vem ocorrendo no Brasil e que merece ser bem analisada.
A Perdigão foi fruto de uma gestão profissional de administradores competentes -- não de sócios nem de donos da empresa.
Nildemar Secches substituiu a família de empreendedores ou fundadores, os Brandalise, que venderam a Perdigão em 1994 com problemas. A empresa foi comprada por fundações e fundos de pensão.Eles substituíram a gestão familiar -- ou “empreendedora” -- por um gestão profissional.
No Estatuto da época, estava escrito que os administradores teriam de ser pessoas com escolaridade acadêmica comprovada. Algo que a maioria dos “empreendedores” não tinham.
De 1994 para cá, a Perdigão não parou de crescer e ultrapassou a Sadia, líder de mercado, mas ainda nas mãos de duas famílias, Fontana e Furlan.
Na realidade, nas mãos de filhos dessas famílias, sem o tino comercial e o empreendedorismo dos pais.Filhos de famílias outrora empreendedoras tendem a se preocupar com maximização de controle familiar. Têm medo de perder, são conservadores. Você faria o mesmo.
Arriscar-se e perder tudo, nem pensar!
Preferem crescer a um ritmo menor, reinvestindo lucros, a crescer aceleradamente mas perdendo controle familiar e abrindo o capital, permitindo, inclusive, que fornecedores e trabalhadores possam participar no sucesso da empresa.
Na Sadia, as duas famílias tinham poder sobre o diretor financeiro, que respondia diretamente ao Conselho, e não ao Presidente da empresa, como seria em qualquer empresa profissional.O diretor financeiro não era formado em administração financeira, e temia ser despedido pelo Conselho se seguisse os preceitos da boa administração.
Um diretor financeiro profissional teria dito ao Conselho Familiar que especular com derivativos não fazia parte do Objeto Social da empresa. “Nosso 'core business', senhores, é frango e suínos, e não especular com câmbio”.“Parágrafo 3º - É expressamente vedado e será nulo de pleno direito o ato praticado por qualquer administrador da Companhia que a envolva em obrigações relativas a negócios e operações estranhas ao objeto social, sem prejuízo da responsabilidade civil ou criminal, se for o caso, a que estará sujeito o infrator deste dispositivo.”Mas empresas familiares e de “empreendedores” não seguem os preceitos da ciência da administração; criam organogramas para satisfazer as vontades do “empreendedor” e estatutos que não precisam ser respeitados -- “a lei somos nós”, dizem os “empreendedores”.
Esta fusão fará da Sadia uma empresa profissional. O administrador financeiro será um administrador financeiro, e não alguém “especializado em arbitragens e distorções nos preços de mercado” sem formação em administração.
Alguém que saberá a diferença entre hedge e especulação. Que dirá aos Conselhos da Família: “Quem quiser especular que o faça na pessoa física, não nesta empresa, colocando em risco nossa sustentabilidade e a segurança da nossa força de trabalho”.
O triste desta história é que, apesar de 40 anos de má gestão, as duas famílias saíram com uma parcela muito acima do que mereceriam da nova empresa.Tinham 23% da Sadia, ficaram com 12% da Brasil Foods. Quase quebraram a Sadia, cujo patrimônio beirava zero, dependendo de que hipóteses do futuro fossem usadas. E, mesmo assim, saíram ricos...Por quê? Porque uma empresa com patrimônio dilapidado, quase zero, ainda vale muita coisa.
Vale a marca Sadia, construída pelos empreendedores originais.
Vale a sinergia de ser comprada por uma empresa maior e mais eficiente.
O que significa isso? Se a Perdigão comprar a Sadia, ela deixa de precisar da equipe de vendedores da Sadia; é só aumentar a lista de produtos para vender. Antes eram dois vendedores visitando o mesmo supermercado; agora só precisam de um.
Era obvio que haveria demissões, e era óbvio que a diretoria não poderia anunciar isto na imprensa antes de conversar com os proprios funcionários as serem eventualmente demitidos.Digamos que esta sinergia seja de 2 bilhões de reais, e de zero se as duas empresas não se juntarem.Se você fosse Luiz Furlan, você diria: “eu quero parte deste lucro da sinergia, apesar de não merecê-la, porque a empresa agora é sua”?Se você fosse Nildemar Secches, você aceitaria oferecer uns 600.000.000, ou até um bilhão, a mais na compra porque a alternativa seria zero?Para um administrador profissional, essas brigas de controle ou “participação acionária” são menos importantes, por isto Nildemar aceitou.
O importante para o administrador profissional é criar uma empresa mais eficiente e competitiva internacionalmente, e não manter o controle acionário na família.Se Nildemar Secches fosse um “empreendedor” ou patriarca de uma família, provavelmente teria recusado fazer a fusão, como fez o Rolim Amaro, da TAMOs mesmos Fontana abortaram uma fusão entre a TAM e a Transbrasil, que teria criado uma empresa internacional poderosa, a Tambrasil.
Mas Rolim, outro empreendedor, jamais aceitou uma exigência injusta como dividir a sinergia da nova empresa.
A fusão é um marco de uma nova era neste país.
Enquanto nossos comentaristas estavam preocupados com o fato de que muitos funcionários da Sadia iriam perder o emprego, deixaram de perceber que é justamente disto que o Brasil precisa: empresas que possam competir com as enormes empresas chinesas que teremos competindo com nossas empresas, daqui uns 10 anos, mais ou menos.

This item is from "Stephen Kanitz"

Efeitos da Crise!!!

Esta Crise Foi Excelente Para o Brasil


Há males que vêm para o bem. No cômputo geral, esta crise pode ter atrasado o PIB em 6 meses, mas colocou o Brasil em termos de imagem mundial uns 5 anos na frente.
1. O Brasil agora virou uma categoria à parte. Agora não se investe em Emerging Markets (uma categoria genérica, em que se incluía também o Brasil). Agora o Brasil virou uma categoria à parte. Não dá para ficar fora do Brasil se você é uma fundação ou fundo de pensão norte-americano.

2. O Brasil é uma proxi para a China. Quem investiu na China se arrepende: perdeu dinheiro, viu fábricas idênticas serem construídas ao lado. Mas o Brasil vai ser um enorme exportador para a China, que já suplantou os Estados Unidos como parceiro de exportação. Já que não dá para investir na China, vamos investir em países que exportam para China.

3. O Brasil saiu desses tempos de turbulência como um país extremamente bem controlado financeiramente, graças ao Henrique Meirelles, que:

a. Desatrelou dívida interna indexada ao dólar, herança da "âncora cambial' do Gustavo Franco, da era FHC. Esse atrelamento caiu de 29% para 1%, de tal sorte que crises externas, que elevavam o dólar, não mais geram crises internas, aumentando a dívida interna.

b. Substituiu títulos com juros nominais atrelados ao dólar por títulos com juros reais pré-determinados atrelados ao real, na ordem de 30%. A defesa dos juros reais pré-determinados foi uma longa bandeira dos administradores, veja: Nominalismo econômico, em www.kanitz.com.br

c. Em vez de pedir US$ 45 bilhões ao FMI, como em 1998, devido à âncora cambial e ausência de reservas, o Brasil é quem está emprestando US$ 10 bilhões ao FMI.

d. Henrique Meirelles cria reservas de 200 bilhões de dólares, outra bandeira dos administradores financeiros, que acreditam que o futuro não dá para ser previsto por modelos econométricos. A única possibilidade é ter reservas para sobreviver às crises que surgirão.

Essa crise é a prova do pudim. Passamos no teste.

Os Estados Unidos, com os melhores economistas de seu país no Banco Central, fracassaram completamente. Não previram a crise. E o pior: não tinham reservas -- estão emitindo moeda.
Os próprios americanos reconhecem isso. A arrogância típica do americano passou para humildade. Foram os primeiros a desinvestir em massa de seus títulos americanos, para investir em empresas brasileiras. E vão continuar.


Eles que nunca deram pelota ao Brasil, que sempre nos acharam uma república de bananas, agora estão mudando o tom.

Sempre critiquei o governo brasileiro por não fazer o "marketing" do Brasil como nação. "O Brasil não é uma empresa, "marketing" não é uma variável econômica", eram as respostas que tive que ouvir.


Enquanto a Colômbia fazia marketing de seu café, nós produzíamos commodities. Quando sugeri registrarmos a marca GRID, Guaranteed Real Interest Deposit, acharam que criar marcas era uma bobagem. Acabei registrando a marca sozinho.

O governo americano registrou o TIPS, e saiu ganhando com uma idéia brasileira.
Uma crise de que saímos bem, vale muito mais do que qualquer anúncio ou campanha mercadológica.


O Brasil muda de patamar. Finalmente. Não deixe de ver o video.

Extraído do blog "O Brasil que dá certo"