sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Esforço não significa eficiência


Preocupado com o fato de que o trabalho das equipes não estão gerando os resultados necessários, o gestor principal as reuniu e pediu mais colaboração.
 
Todos, preocupados em garantir o emprego, esticaram o horário de trabalho, durante a semana e também aos sábados e domingos.
 
Passado um tempo, os resultados não estão agradando ninguém. Aos gestores porque continuam patinando, às equipes porque, apesar do esforço, as críticas e cobranças aumentaram. A pressão chegou a um ponto insuportável.
 
As contas das horas extras e gastos derivados cresceram consideravelmente. A equipe de custos tem demonstrado que as margens caíram substancialmente e levantou a bandeira que a empresa está “pagando para vender”.
 
A qualidade está prejudicada. Os inspetores de qualidade não dão conta das inspeções e nem os operadores. Alguns colaboradores temporários foram adicionados ao processo, mas sem treinamento, às vezes, mais atrapalham que ajudam. A aceleração das tarefas e as dificuldades de atenção provocaram brutal aumento do retrabalho e rejeição, levando ao sucateamento de muitas peças.
 
O trabalho precisa ser feito para atender os pedidos emitidos pela equipe comercial que está preocupada com o atraso nas entregas. Sem estas, também será prejudicada, pois nos meses seguintes perderão vendas e, certamente, espaço nos revendedores, que decidirão no futuro por fornecedores pontuais. Sem contar, claro, com a queda nas comissões, a fonte de seu sustento.
 
A pressão é tanta que o gestor da fábrica já avisou que se não o deixarem trabalhar “entregará o boné”. As interferências são muitas e as críticas também. O debate tem levado ao seguinte ponto: “Por que, com tantas horas extras pagas, máquinas estão paradas?”
 
Com a sobrecarga, os equipamentos estão apresentando defeitos e os mecânicos não estão dando conta.
 
A programação de produção, caótica, trocando as ordens a cada pedido, também tem provocado paradas constantes, uma vez que não há pessoal técnico suficiente para agilizar as mudanças.
 
O abastecimento das linhas de produção é deficiente, faltando matérias-primas e componentes. Para cortar um pouco os gastos, o pessoal do almoxarifado foi proibido de fazer horas extras. Os colaboradores procuram atender a programação que lhes é apresenta no máximo até as dezoito horas da sexta-feira.
 
O gestor da fábrica, de posse de uma chave, retira os materiais faltantes, mas como não faz qualquer anotação, os relatórios de estoque não são confiáveis. Isso acirra os conflitos com o pessoal da programação e os compradores.
 
Entre um conflito e outro, um debate e outro, mais tempo é perdido e mais reuniões são necessárias, não para busca de solução, mas para acalmar os ânimos.
 
Por um descuido, o gestor do RH deixou escapar que estão em busca de um novo gerente. Ninguém sabe se o objetivo é adicionar mais um profissional ao quadro ou haverá substituição.
 
Entre tantas paradas, esta é mais uma que tira o foco e desvia a atenção dos colaboradores.
 
Aos mais antigos, nada disso é novidade. A frase repetida, parece ter sido acordada há muito tempo: Sempre que o mercado aquece a correria acontece!
 
O caos dificilmente permite o alcance da eficácia – fazer certo – e da eficiência – fazer bem feito.


Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4526 1197 / (11) 9645 4652
www.postigoconsultoria.com.br
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo

 Publicado em 16-Nov-2011, no site: www.gestopole.com.br

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