domingo, 7 de agosto de 2011

O peso do QI na recolocação profissional



Autor:

 Tom Coelho


"Você é quem você conhece, não o que você faz."

(Azalba)




Já engordei as estatísticas do desemprego há alguns anos. Eram tempos em que
atuava como executivo, ocasião na qual conheci o trabalho das empresas de
recolocação profissional.

Foi quando aprendi a preencher adequadamente um currículo, além de ser
orientado sobre como me portar em entrevistas. Também passei horas
analisando companhias diversas, escolhendo aquelas nas quais gostaria de
trabalhar para, ato contínuo, enviar-lhes meu precioso portfólio, agora
maquiado e vitaminado, na expectativa de ser convocado.

Ledo engano. Já naqueles tempos, início dos anos 1990, os processos de
recrutamento estavam mudando. Currículos aleatoriamente enviados pelo
correio ou preenchidos pela internet podem se configurar em pura perda de
tempo. Tornam-se lixo, físico ou eletrônico, antes mesmo que alguém leia o
nome do remetente.

Pesquisa realizada em abril de 2011 pela Catho Online, com participação de
46.607 profissionais, indicou que 59,4% dos cargos foram preenchidos com
base no QI do candidato. Não estamos falando do famigerado "quociente de
inteligência", mas, sim, do "quem indicou". Networking, relacionamento,
estas são as palavras de ordem. Há até quem opte por mudar de emprego graças
à confiança depositada em quem lhe fez a indicação. Esses fatos levam-nos a
algumas reflexões.

Sempre recebo mensagens de leitores comentando sobre sua insatisfação com a
empresa em que trabalham. As queixas vão da falta de reconhecimento e
ausência de desafios à baixa remuneração e inexistência de plano de
carreira, passando inexoravelmente por problemas de relacionamento
interpessoal, seja junto à direção, seja com os próprios colegas.

Estes profissionais vislumbram como única solução pedir demissão e buscar
novos horizontes, como se o ambiente fosse a origem de todos os males,
acreditando que em outra corporação os mesmos dissabores não acontecerão.
Pior, há aqueles que optam pelo desligamento sumário da companhia, passando
por uma semana de regozijo até caírem em si e na realidade de que nos
assuntos relacionados ao dinheiro, como diria Victor Hugo, é preciso ser
prático.

Diante dos fatos, alguns cuidados devem ser tomados para que uma proposta
pretensamente interessante não se apresente como uma armadilha:

1. Cheque a oportunidade de trabalho. Verifique se a mesma é concreta e,
mais ainda, permanente. Pode tratar-se de uma posição temporária e que não
lhe garantirá estabilidade.

2. Pesquise a empresa. A internet é fonte inesgotável de informações. Acesse
o site da empresa e, depois, os buscadores, para obter mais informações
sobre o perfil da companhia e sua posição relativa no mercado. Dê especial
atenção aos valores declarados pela organização a fim de observar se estão
alinhados com seus valores pessoais.

3. Dissocie relações afetivas e profissionais. Se a indicação dada foi
positiva, ótimo. E fim da história! Não convém associar o nome da pessoa que
recomendou você ou lhe sugeriu a vaga durante o processo seletivo ou mesmo
após o término deste. Seja grato, mas seja independente.

4. Prefira o pouco certo ao muito duvidoso. A menos que você disponha de uma
boa herança ou alguém que lhe sustente, abdicar de uma remuneração lhe trará
mais preocupação, angústia e ansiedade. Peça demissão somente após ter
firmado sua recolocação.

5. Caia fora na hora certa. Isso não é um jogo de pôquer, mas é um jogo. Se
a proposta de trabalho não corresponder às promessas feitas ou não atender
aos seus anseios, prepare sua saída o quanto antes evitando prolongar sua
insatisfação.

Recorde-se sempre da importância do networking. Na Era da Integração, num
mundo sem fronteiras e regido pela conectividade, não são dados ou
informações, máquinas e tecnologia, que fazem a diferença. São pessoas. E
mais do que isso, relacionamentos. Prova disso é que a mesma pesquisa
mencionada no início do artigo indica que mais de 70% dos desempregados
utilizam sua rede de contatos networking como meio de procura de emprego.
Analogamente, 75% das empresas utilizam como instrumento para divulgação de
vaga a indicação de pessoas de dentro e de fora da corporação.

Por isso, cultive o hábito de conversar com estranhos, pessoas que lhe
avizinham num saguão de aeroporto ou numa simples fila no cinema ou no
banco. Frequente outros ambientes, seja um restaurante, um bar ou um museu,
e converse com quem lhe rodeia. E lembre-se sempre de portar cartões de
visita. Destas relações fortuitas, pode surgir um novo curso em sua vida.

* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em
15 países. É autor de "Sete Vidas - Lições para construir seu equilíbrio
pessoal e profissional", pela editora Saraiva, e coautor de outros quatro
livros. Contatos através do e-mail
 
tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: 
www.tomcoelho.com.br e  www.setevidas.com.br.


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