quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A desindustrialização é apenas o fechamento de um ciclo


Publicado em 6-Dec-2011,  por Ivan Postigo

Um dos requisitos básicos a empresários e empreendedores sempre será a visão de futuro. Isso permite antever e se antecipar aos acontecimentos.

Visão de futuro, mais do que um recurso, é um poder. A capacidade de tornar o presente obsoleto é que tem proporcionado a empresas vantagens competitivas significativas.

Já foi o tempo em que o Brasil podia se industrializar com parques fabris ultrapassados e sem uso, de empresas estrangeiras.

Tenho gravado na memória uma incômoda conversa, quando se falava sobre a compra de máquinas, para substituição de parte de um parque fabril. Estas produziam o dobro das instaladas, enquanto os catálogos mostravam que a capacidade das recém-lançadas era oito vezes maior.

Claro que o valor do investimento seria maior se estas fossem incluídas no projeto, mas a questão chave era outra: esses equipamentos não nasceram de um dia para o outro, houve claramente um afastamento da realidade por muitos anos.

Outra questão que necessitava ser debatida era: por que razão essas máquinas ofereceriam a solução necessária, uma vez que a queda de vendas fora significativa?

Feita a pergunta, sem dúvidas a resposta seria imediata: poderemos reduzir os custos e nos tornaremos mais competitivos!

Esta resposta lhe parece lógica? Muitos diriam que sim, mas vamos um pouco mais fundo na questão.

A empresa perdeu mercado durante muito tempo, pois a defasagem tecnológica não apenas a impediu de ter produtos com custos menores e preços competitivos, mas também de fabricar com qualidade superior, frente aos concorrentes.

O consumidor já estabeleceu e ratificou seu conceito sobre o produto, a marca e a empresa. Recuperar mercado significa resgatar aquele espaço na mente do consumidor, e isso não se faz dia um dia para outro. Uma vez nesse estágio, não é possível convencê-lo com atitudes já consolidadas no segmento.

Ninguém gosta de se sentir desatualizado, ultrapassado, principalmente quando pode obter vantagens, pagando menos.

Com a globalização, a atualização deixou o campo da informação para a contundência no campo da materialização. Não somos mais apenas impactados pela informação da criação, mas pela realidade dos lançamentos. Estes costumam ter caráter mundial.

Ao invés de raciocinar com apenas uma empresa, agora pense em uma cadeia produtiva local. Sua defasagem a leva ao colapso, afinal o mundo está preparado para atender as expectativas dos consumidores que dela dependem.

A substituição não costuma ser rápida, afinal há um período de desconfiança e experimentação. Contudo, à medida que mais consumidores aderem às novas possibilidades, maior será sua velocidade.

Um aspecto que torna o processo mais rápido e complica uma possível reversão é quando integrantes da cadeia aderem ao processo de substituição, incentivando e divulgando.

Nesse instante, o consumidor não contará apenas com sua percepção e os resultados de suas experimentações, mas com testemunhos de especialistas, que se renderem às evidências.

Como esses especialistas esperam no futuro reverter a situação, com uma propaganda nacional dizendo “desculpem, nos enganamos?”

Nesse momento o processo de desindustrialização já estará em curso, apenas fechando o ciclo.


Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4526 1197 / (11) 9645 4652
www.postigoconsultoria.com.br
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo



Do site: www.gestopole.com.br

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