Hoje eu me levantei bem
cedo e já com mil coisas na cabeça: preciso ir ao correio... vou passar
no instalador tal... tenho que fazer ligações para... etc, etc. Recebi
um torpedo da minha secretária, em que me dizia impossibilitada de vir
para o trabalho e já tive que reprogramar toda a minha manhã. No
entanto, em nenhum momento me senti infeliz, pelo contrário, mais um
desafio a vencer. E você? Como se sente todas as manhãs de
segunda-feira, após um final de semana, em que tudo começa novamente?
Lendo a um artigo sobre o assunto, vamos novamente compartilhar o que se
passa na cabeça das pessoas.
Uma pesquisa feita em maio pelo
Instituto Datafolha constatou que 25% dos brasileiros ainda trabalham
insatisfeitos. "Há uma grande parcela que precisa aceitar atividades que
estão disponíveis por não ter oportunidade de atuar em outras áreas",
afirma José Roberto Leite, chefe do Setor de Medicina Comportamental do
departamento de Psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo). Por isso, para alguns profissionais, encarar a segunda-feira
ainda é um drama. "Tem gente que já começa a sofrer no domingo e acha
que não vai suportar mais uma semana", diz a "leader coach" Mirian
Zacarelli, diretora da KMZ Consultoria e Eventos.
Os especialistas confirmam que quem não
faz o que gosta tende a desenvolver sintomas de estresse crônico.
"Irritabilidade, cansaço, tristeza, apatia, ansiedade, quadros
agressivos e até um estado de humor depressivo", exemplifica Leite. Para
Renato Grinberg, diretor geral do site Trabalhando.com, a quantidade de
problemas de saúde pode ser um sinal de que a pessoa não está feliz
profissionalmente. "A doença acaba sendo usada como fuga, ou seja, uma
maneira de a pessoa ficar longe daquele ambiente que tanto a incomoda",
diz.
É claro que toda profissão tem altos e
baixos. E ninguém precisa estar sempre bem disposto e satisfeito com
tudo. "Estar na profissão errada é não ser apaixonado por aquilo que
faz. O importante é conseguir, apesar dos dias ruins e das frustrações,
olhar para o espelho e dizer 'estou satisfeito", explica Vitor Sampaio,
psicólogo clínico. Segundo ele, quem faz o que gosta enxerga o futuro
com perspectiva, ao contrário daquele que fica de olho no relógio,
contando os minutos para encerrar o expediente.
Dá para mudar: Para
Grinberg, estar na profissão errada é um dos principais motivos para o
insucesso na carreira. "Por isso, ao detectar o problema, é importante
fazer uma avaliação para saber se é a profissão ou o ambiente atual que
incomodam, o chefe e até mesmo a função que lhe foi atribuída". Em
alguns casos, uma readequação já é capaz de provocar motivação. No
entanto, se o rumo tomado realmente não tem nada a ver com a sua
vocação, é melhor preparar um cronograma. "Não adianta 'chutar o balde'.
É melhor ir devagar e pesquisar quais recursos serão necessários para
essa mudança", afirma Mirian.
Segundo Sampaio, uma ajuda
especializada pode ser muito útil neste momento. "Muitas vezes, as
pessoas preferem a segurança infeliz que a insegurança do desconhecido",
diz o psicólogo. E esse medo é natural. "Por isso, a mudança deve ser
bem avaliada e feita de forma gradual. E um coaching pode ajudar muito
neste processo", diz Roberto Leite. Mudar de profissão quando ela não
traz felicidade é preciso, pois, segundo ele, as pessoas tendem a se
acomodar em uma situação ruim, porém conhecida. "E o estresse crônico é
provocado em função dessa escolha".
Mesmo que seja necessário apostar em
outra graduação, os especialistas defendem que vale a pena investir em
uma carreira feliz. "A realização profissional é fundamental para o
bem-estar", afirma Mirian. E, nessa balança, estabilidade, salário e
status não devem pesar mais do que a satisfação.
A influência da família:
A partir do momento que a pessoa detecta o problema e decide traçar um
plano para mudar o rumo profissional, é preciso preparar-se para
enfrentar críticas. Comentários como 'você está louco!', 'agora que
conseguiu uma promoção' ou 'você vai abrir mão desse salário' podem
surgir dos colegas de trabalho, amigos e familiares. No entanto, o que
está em jogo é a felicidade. Ter coragem de mudar é algo muito
significante. E quanto antes o profissional se lançar às mudanças, mais
vantagens terá. "Posso ter realizado uma escolha e constatar que não foi
a melhor. Porém, permanecer nessa escolha é muito prejudicial", afirma
Roberto Leite.
Escolha imatura: A
escolha profissional, geralmente, é feita na adolescência. Mas o jovem
dificilmente tem maturidade suficiente para realizar tal escolha. Por
isso, alguns seguem caminhos equivocados; outros são influenciados pelo
desejo da família para que siga uma determinada carreira. "O jovem acaba
'comprando' uma idéia, sem saber se realmente acredita naquilo",
explica Sampaio. E não adianta escolher a profissão sem levar em conta
suas habilidades. De acordo com Grinberg, durante muito tempo, as
pessoas buscavam o sucesso profissional para ser feliz. Hoje, muitos
estudos defendem que é preciso ser feliz para conquistar o sucesso.
Grinberg dá uma sugestão para você
avaliar se está na profissão certa. "Se recebesse uma 'bolada' e pudesse
ter mensalmente o equivalente ao seu salário atual, o que faria?". Para
o especialista, quem ama o que faz, jamais deixaria de trabalhar. "A
pessoa pode dizer que diminuiria o ritmo ou abriria um negócio próprio".
Já quem está na profissão errada, com certeza, é taxativo: "Pediria
demissão imediatamente".
E você? O que faria? Dependendo da sua resposta, seria melhor avaliar a necessidade de trocar de emprego.
Sucesso!
Por: Claudia Fonseca Rosès, Administradora
Professora universitária, Diretora Administrativa do
Instituto Fonseca Rosès
Fonte: www.uol.com.br em 25/06/2012
Do boletim SAESP n° 14
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