sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Diálogos Sobre Decisões




O que se faz, se faz por que se quer. Entende-se que há fatores que influenciam. Devemos reconhecer isso. Mas deve-se também reconhecer que em hipótese alguma determinam as ações. Elas são tomadas conscientemente e deliberadamente. Em momento algum alguém controla e manipula nossas mãos, pernas, braços, voz e olhos sem que se tenha consciência ou controle do ato.

É tão mais fácil culpar as pessoas, as ocorrências fora de nosso alcance e as improbabilidades que a tendência é fazermos justamente isso: culpar o alheio. Isso nos livra do remorso caso alguma ação equivocada seja tomada. Entretanto, devemos nos obrigar a sempre tomar decisões baseadas em julgamentos claros e tendo sempre a noção de que o que se decidiu se decidiu por que se quis.

Quanto à influência externa, devemos saber que ela existe e que algumas vezes se põe forte o suficiente para impulsionar algum ato, seja ele para algo bom ou ruim. Fatores externos nunca manipulam o que se faz ou determinam as ações.

Colocar isso em mente nos obriga a assumir total e completa responsabilidade pelo que se faz, independente do que e do como tenha ocorrido. Assim, as conseqüências passaram a ser só, e somente só, nossa e de mais ninguém.

Encarar isso nos faz ter de lidar com um peso difícil de compreender. Uma vez que se assume o que se faz, tem-se de assumir a falha ou comemorar o êxito. Se êxito for? Ótimo. Massageia-se o ego e nos comprazemos com isso.

Caso contrário, se não nos obrigarmos a entender os porquês do ato falho, vamos mais facilmente culpar o externo, mais facilmente nos colocar acima da razão e julgar. Passar a aceitar a falha e suas conseqüências então passariam a doer mais, bem mais. Colocar isso em prática é doloroso e extremamente difícil.

Por isso vemos, tanto nas relações pessoais como trabalhistas, pessoas que fogem da responsabilidade, líderes omissos e perniciosos, que mais maltratam que acompanham e orientam, pais e mães que relegam responsabilidade às escolas, citando somente alguns exemplos.

Por isso devemos aprender a engolir a seco alguns erros e sofrer pelas consequências sim. Aprendemos e muito pela dor. Não estamos imunes a tentação de culpar o alheio, isso sempre nos virá forte e facilitador. Com o tempo aprenderemos a sofrer menos, reagir mais rápido, compreender o que se sente e decidir de forma mais clara e assertiva. O erro não deixará de doer, nem deve, só passará a doer de forma diferente.

Passará a doer mais pela consciência crua da falha, do que por alguma percepção de uma falha alheia.

Devemos compreender que o alheio é alheio, que se já mal conseguimos lidar com as pressões sobre nossos atos, o erro alheio deve doer principalmente onde ocorreu, não em nós, e sim no outro, apesar de saber sermos impactados por isso, apesar da dor que isso possa causar.

O que decidimos, decidimos por que queremos, sempre há outra alternativa, sempre.

As pressões existirão e isso é algo imutável.

Decidimos pelo que avaliamos, mais ou menos influenciado, mas nunca, absolutamente nunca, induzido, manipulado ou controlado por outrem.


João Paulo de S. Silva  |  Publicado em: 02/10/201, no site: www.qualidadebrasil.com.br

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