segunda-feira, 10 de maio de 2010

Brasileiro tende a buscar aplicação com risco maior


Foto: Getty Images

Gestores, associações e governo se preparam para o aumento no número de investidores que querem mais retorno, mesmo com mais risco

Aline Cury Zampieri, iG São Paulo 10/05/2010 05:16
Apesar da tendência de alta nas taxas básicas de juros para os próximos meses, que acabam acomodando o investidor em aplicações mais conservadoras porém seguras, a indústria financeira tem mexido-se, nos últimos meses, em busca de novos formatos.
Gestores de recursos já começaram a sentir uma demanda um pouco maior por investimentos mais arriscados e a expectativa é que, em algum momento num futuro não muito distante, essa busca se torne um hábito corrente do brasileiro.
Atrás desse mercado emergente, Luiz Fernando Figueiredo, sócio da gestora de recursos financeiros Mauá Sekular Investimentos, afirma que a Mauá se uniu à Sekular em outubro para ampliar os produtos ofertados. “O sonho era ter uma companhia de investimentos completa, mas com profissionais reconhecidos entre os investidores”, diz.

Gestores procuram novos produtos, para um novo cliente

Atualmente, a Mauá tem R$ 1,1 bilhão de ativos sob gestão. As áreas de atuação são gestão de fundos, de patrimônio e de crédito. “Queremos desenvolver desde produtos moderados a mais agressivos, em todas as áreas”, afirma.
Na Verax, administradora independente de recursos, o forte são os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Também conhecidos por fundos de recebíveis, são lastreados em títulos de dívidas de empresas e estão começando a se popularizar. “Queremos ter parceiros para ampliar a oferta de serviços em FIDCs”, diz Marcelo Xandó, diretor executivo da empresa.
Xandó afirma que seus clientes estão tomando cada vez mais gosto por risco. “Os investidores estão com mais disposição para investir", diz. "Alguns de nossos clientes, por exemplo, saíram de uma fatia de 5% dos ativos em Bolsa para 45%.” A renda variável é mais arriscada que a fixa.
Feito sob medida

Além dos gestores, as associações setoriais e o governo também têm procurado atender à demanda crescente por risco. Na semana passada, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) comemorou o aniversário de cinco anos do IMA, o Índice de Mercado Anbima. O indicador foi criado em parceria com a Secretaria do Tesouro Nacional e representa a evolução da carteira de títulos públicos.
O IMA nasceu para suprir uma necessidade de um mercado mais maduro: um acompanhamento mais fiel para títulos de longo prazo. Até então, explica Marcelo Giufrida, presidente da associação, a indústria de fundos utilizava basicamente o Depósito Interbancário (DI) para medir rendimento. O problema é que o DI é um indicador de curto prazo, e muitas vezes, se mostrava ineficiente para aplicações mais longas.Nesses cinco anos de vida, o IMA parece estar caindo no gosto dos gestores. Em 2007, segundo levantamento do Tesouro Nacional, 24 fundos seguiam o indicador. Este ano já são 78.

Uma mudança regulatória também ajuda na adesão ao índice. Em 2009, o Conselho Monetário Nacional aprovou mudanças nas regras de investimento de fundos de pensão e regimes próprios de previdência social. No caso dos últimos, tornou-se obrigatório que pelo menos 70% dos investimentos previdenciários em fundos sigam um índice IMA.

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