quarta-feira, 19 de maio de 2010

Quero ser grande


Ser uma pequena empresa é condição temporária antes do crescimento, mas saber crescer requer cuidados do empreendedor


André Vieira, iG São Paulo 19/05/2010 05:06





Foto: Arte IG

O produto vira um sucesso de público, os clientes começam a comprá-lo e, subitamente, a situação sai fora do controle do empresário. Resultado: um fracasso que poderá afetar a sobrevivência da pequena empresa. Quando as companhias começam a crescer, os grandes desafios aparecem.
Falta de espírito empreendedor, planejamento deficiente, má gestão, dificuldades de enfrentar a conjuntura econômica e o impacto de problemas pessoais ou familiares sobre o negócio são fatores potenciais para prejudicar a trajetória de desenvolvimento de uma pequena empresa, segundo especialistas.


Novos funcionários, novas máquinas

Etapa natural da evolução, o crescimento - nem sempre linear ou previsível - pode provocar efeitos deletérios sobre a empresas despreparadas para enfrentar o progresso.
Na medida em que as empresas contratam funcionários, investem em novas máquinas ou ampliam suas instalações de venda, o tempo do empreendedor, que teve a ideia de um negócio e conseguiu materializa-la, passa a ser mais exigido.
"Na hora em que a organização está crescendo surgem muitas atividades burocráticas que consomem seu tempo", diz Carlos Miranda, que se especializou em estudos sobre o empreendedorismo. "Quando ele se dá conta, não sobra espaço para exercer sua competência de empreender."
Segundo Miranda, os empresários precisam focar seu esforço e atenção no negócio principal, definindo a estratégia para o crescimento de sua companhia. Para evitar a centralização de todas as decisões nas mãos do empreendedor, a sugestão é delegar e transmitir a responsabilidade das atividades burocráticas a terceiros. "O empresário precisa identificar e vender seu sonho para seus empregados." Miranda acabou de deixar a Ernst & Young, onde era sócio, para se dedicar a um negócio próprio.

Olhômetro

Muitas empresas, no entanto, morrem depois de alguns anos por problemas de mal planejamento e gestão equivocada. Uma loja sem mercadoria ou uma indústria com capacidade insuficiente para atender a demanda dos clientes são situações corriqueiras.
"Muitas vezes o dono descobre muito tarde do problema por falta de planejamento", diz Gustavo Carrer, consultor do Sebrae-SP. "Tem empresário que faz seu gerenciamento de estoque apenas visualmente", diz Carrer. "Quando se tem 3 mil itens, não se pode confiar apenas no 'olhômetro', é preciso aperfeiçoar a gestão com a adoção de sistemas e métodos de controle e organização."
Flexibilidade

Outro desafio é saber enfrentar situações econômicas adversas, como o momento certo de conduzir a empresa para outra direção. Os especialistas sugerem que a companhia precisa ter a flexbilidade para, por exemplo, cancelar encomendas num período de recessão.
Mas um dos grandes perigos, e comuns de pequenas firmas, é a organização abrigar os familiares, não por sua competência, mas apenas pelos laços afetivos. "Decisões não racionais afetam o desempenho de companhias", diz Carrer, do Sebrae.

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