terça-feira, 25 de maio de 2010

Dividir para crescer


Carta ao leitor



A principal motivação que leva uma empresa a abrir o capital na Bolsa é a ampliação do acesso aos recursos que possam fazer frente aos investimentos tecnológicos e produtivos, necessários ao seu desenvolvimento.
Diferentemente da utilização dos gerados pelo próprio negócio, que restringem as operações de
crescimento, e dos adquiridos de terceiros –a forma mais tradicional são os empréstimos bancários– que, em função do alto custo, podem aumentar a vulnerabilidade, a captação de recursos por meio da emissão de ações é uma fonte que não possui limitação. Basta a empresa oferecer projetos viáveis e rentáveis que os investidores terão interesse em financiá-los.
Porém, não é assim tão simples. Para conseguir atrair o interesse de quem está disposto a injetar
dinheiro, a primeira regra a seguir é dar transparência a todos os seus atos, uma tarefa que encontra forte resistência, principalmente entre as empresas mais conservadoras, já que a maioria tem receio de revelar informações estratégicas.
Nada disso é viável sem uma administração consistente, fundamentada em boas práticas de governança corporativa, cujas finalidades são preservar o valor da organização e a sua longevidade, garantir a equidade dos sócios e a responsabilidade pelos resultados. A empresa precisa ter como principal objetivo a visão social, e o lucro é a forma de atingi-la.
Nesse sentido, parece óbvio seguir os requisitos mínimos exigidos pela boa gestão. Extrapolá-los
significa conquistar a credibilidade dos acionistas, o que, por sua vez, contribui para aumentar o valor da empresa no mercado.
É claro que, como qualquer assunto que envolve dinheiro, o mercado acionário também
oferece riscos. Até mesmo empresas com forte administração profissional, cujos segmentos carregam perspectivas de valores para os acionistas, podem ter suas ações rejeitadas pelos investidores ao menor sinal de que as metas estabelecidas não serão cumpridas.

Outro receio é que elas atinjam valores abaixo da média. Neste ano, por exemplo, as empresas que foram ao mercado captar recursos por meio de uma oferta inicial de ações –o chamado IPO– têm obtido valores menores do que o esperado por seus papéis. O fraco desempenho é atribuído aos investidores, que se tornaram mais seletivos, e às incertezas no exterior, de onde vem a maior parte dos recursos para as operações.
Essas incertezas são motivadas por “apagões” pós-crise mundial de 2008, que continuam comprometendo a expansão do crescimento da economia do planeta. O temor, agora, é a crise do euro, fortemente impactada na Grécia, se espalhar por outros países, o que contribuiria para deixar o mercado ainda mais volátil e gerar crise de desconfiança sobre algumas economias.
Ao estampar como matéria principal os motivos que levam as empresas a abrir o capital, esta edição da Revista Administrador Profissional pretende mostrar que, cuidados à parte, o mercado de ações pode ser também uma opção viável para quem pretende investir suas economias.

Adm. Walter Sigollo
Presidente do Conselho Regional
de Administração de São Paulo -
CRA-SP


Da revista Administrador Profissional n° 287, maio/2010

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