terça-feira, 14 de julho de 2009

Caritas in veritate

"Caritas In Veritate"

A Nova Encíclica do Papa Bento XVII


Administradores socialmente responsáveis se sentirão fortalecidos com a nova encíclica, que defende como nunca foi defendido antes, a importância do administrador de empresas como o mentor de uma justiça social na empresa.

"Nos últimos anos, notou-se o crescimento duma classe cosmopolita de gerentes, que muitas vezes responde só às indicações dos acionistas da empresa constituídos geralmente por fundos anônimos que estabelecem de fato as suas remunerações. Todavia, hoje, há também muitos gerentes que, através de análises clarividentes, se dão conta cada vez mais dos profundos laços que a sua empresa tem com o território ou territórios, onde opera."Nos últimos anos, leia-se 100 anos, pois em 1909, Harvard Business School identificou esta nova classe de gerentes, e criou um curso para formar administradores socialmente responsáveis, que cuidariam dos "stakeholders" e não somente dos "stockholders", como faziam os empresários.

Diz Bento. "Dentro do mesmo tema, é útil observar que o espírito empresarial tem, e deve assumir cada vez mais, um significado polivalente. A longa prevalência do binômio mercado-Estado habituou-nos a pensar exclusivamente, por um lado, no empresário privado de tipo capitalista e, por outro, no diretor estatal. Na realidade, o espírito empresarial há de ser entendido de modo articulado, como se depreende duma série de motivações meta-econômicas."
Só que estes novos administradores foram duramente combatidos pelos empresários que os viram como uma ameaça, e pelos dirigentes estatais, ao longo destes 100 anos.


Ou seja, a opção mercado-Estado, do empresário de um lado e do diretor estatal indicado pelo Partido do outro, não são as únicas opções. Existe outra, a qual temos defendido há 100 anos, de entregar ou pulverizar o poder a milhares de administradores socialmente responsáveis. Algo que a esquerda e a direita, incluindo a Igreja, nunca defenderam. Até agora!"Apesar dos parâmetros éticos que guiam atualmente o debate sobre a responsabilidade social da empresa não serem, segundo a perspectiva da doutrina social da Igreja, todos aceitáveis, é um fato que se vai difundindo cada vez mais a convicção de que a gestão da empresa não pode ter em conta unicamente os interesses dos proprietários da mesma, mas deve preocupar-se também com as outras diversas categorias de sujeitos que contribuem para a vida da empresa: os trabalhadores, os clientes, os fornecedores dos vários fatores de produção, a comunidade de referimento."
Papa Bento repete a nossa luta pela defesa do "stakeholder", contra a direita que sempre defendeu o "stockholder", e a esquerda que sempre defendeu o "stockholder Estado", com todos os problemas de autoritarismo que a história retratou.


Papa Bento não percebe claramente este novo protagonista do administrador, parece que ele está sugerindo que este protagonismo seja criado, mas já é um avanço. Falta uma comitiva de administradores mais religiosos fazer uma peregrinação ao Vaticano, e contar a nossa história de 100 anos.

Uma das razões que Harvard decidiu criar o curso já em nível de Pós-Graduação, foi para dar status imediato a esta nova classe. Harvard só tinha 3 cursos de Pós: Medicina, Direito e Teologia.

"Precisamos criar um novo protagonista da ética e da moral, já que nossos teólogos estão perdendo espaço, e nossos advogados estão preferindo as bancas de Wall Street e não a magistratura", defendia o Dean de Harvard na época. Com 100 anos de atraso, este apoio incial do Papa é bem-vindo e precisa ser divulgado.

This item is from "Stephen Kanitz"
in O Administrador Socialmente Responsável

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