segunda-feira, 6 de julho de 2009

O lugar do Administrador na recuperação judicial

MÃOS HÁBEIS DIANTE DA CRISE

O tema da recuperação judicial vem ocupando as páginas de economia dos principais veículos de comunicação nacionais desde que a crise econômica mundial passou a se refletir mais efetivamente no Brasil, a partir de agosto de 2008.
De lá para cá, essa ferramenta legal, que permite às empresas uma flexibilidade maior no pagamento de suas dívidas junto aos credores tornou-se cada vez mais utilizada.
O quadro não se alterou mesmo com as medidas tomadas pelo governo brasileiro para reverter o cenário negativo que se avizinhava.
Para se ter uma ideia, ainda que tenha havido mudanças significativas de estímulo à entrada de capital estrangeiro, à redução dos juros bancários e ao aumento no poder de consumo, entre outras, o número de pedidos de recuperação judicial nos cinco primeiros meses deste ano, foi muito superior ao verificado no mesmo período de 2008.
A conclusão imediata é a de que as empresas ainda não operam em patamares suficientes para a resolução dos problemas financeiros advindos dessa conjuntura nitidamente desfavorável.
O crescimento vertiginoso desse tipo de mecanismo legal não significa, necessariamente, um bom uso de suas potencialidades. Aliás, é digno notar a má exploração dos processos de recuperação judicial.
No entanto, o panorama não se configura de todo desolador. A presente perspectiva de subaproveitamento pode ser revertida de maneira bastante eficiente se a classe de administradores ocupar o espaço estratégico que lhe cabe na configuração desse recurso legal.
São características quase que exclusivas do administrador a independência e a imparcialidade no relacionamento com os credores, mas igualmente no enfrentamento das questões jurídicas inerentes à nova Lei de Falências.
Sua visão abrangente e, ao mesmo tempo, operacional e financeira permite que ele assuma com qualidade o lugar de atento estrategista para descortinar esse peculiar processo, que tem se apresentado, simultaneamente, de maneira tão complexa e difundida no cenário atual.
Traçando uma analogia, é como se estivéssemos diante de um intrigante, porém instigador cubo mágico. Sua solução necessita de precisão, método e de mãos habilidosas para ser desvendada de forma prática e inteligente.

Adm. Walter Sigolo
Presidente do Conselho Regional de Administração de São Paulo

Publicação da revista Administrador Profissional n° 276, de junho/2009

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