terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Capital Humano e Mercado de Trabalho




Publicado em 26-Nov-2010, por Lenice Alvim Gomes



O que acontece nesse terrível paradoxo que é o Mercado de Trabalho atual brasileiro? Onde está o problema? Escassez de mão de obra qualificada? Acredito que não, pelo menos na realidade em que vivo, e também pelos profissionais que se cadastram no Banco de Currículos da minha empresa.
Especialistas dizem que as empresas tem preconceito com a Geração Y (nascidos a partir de 1980). Nisso concordo com eles, pois as empresas pensam que ao contratar um jovem talento, correm o risco de perdê-lo logo para o concorrente. Mas se a empresa contrata um profissional e pouco tempo depois ele recebe uma proposta melhor e vai embora a culpa é de quem? Concordo que os profissionais que o mercado vem formando são muito exigentes, mas quem deve se adaptar? As empresas, é claro. Não custa pouco manter um talento em uma empresa. É preciso um salário compatível, condições de trabalho adequadas, benefícios, cursos e incentivo a capacitação e melhoria contínua. Se esse funcionário recebe proposta de outra empresa é porque é de fato muito bom, aliás, na atualidade não adianta ser apenas bom, é preciso ser o melhor. É atrás disso que jovens talentos competentes correm atrás: da excelência, querem chegar ao topo. Muitas vezes não querem começar de baixo, mas isso é privilegio para poucos e acredito que esse tipo de profissional tem menos chances do que aquele que não apenas conhece a empresa, finanças, economia, mas principalmente conhece o trabalho em si e como ele é executado.

Acredito também que as empresas estão exigindo muita experiência e não dão crédito a qualificação somente, pois não querem "adequar" um profissional, querem que já esteja pronto e de preferência que outra empresa já o tenha feito. Essa atitude está ultrapassada e até mesmo ilegal, mas como é possível fiscalizar esse abuso? No inicio da minha carreira passei por essa mesma dificuldade. O dilema de muitos jovens profissionais é: "Se não tiver a primeira oportunidade, como terei experiência?". O fato é que falta empatia em muitos empresários e empregadores. Parece que depois que se chega ao topo, o passado é esquecido. Todos precisaram um dia de sua primeira oportunidade, não podem agora simplesmente ignorar que já não precisam dela. Inclusive, até hoje ainda passo por constrangimento onde como consultora pouco experiente, muitas vezes sou vista com desconfiança pelas empresas. Não me deixo abater por isso, será uma questão de tempo até minha empresa ser conhecida e respeitada.

Por outro lado, e não menos importante, podemos citar os talentos que já não são tão jovens e que tem imensa dificuldade em se manter ou se recolocar no mercado de trabalho. Tem um currículo extenso e excelente, compatível a um mercado exigente, formação invejável, cursos de línguas, viagens ao exterior, um vasto conhecimento e também não é aproveitado como deveria. O preconceito com essa geração é evidente: "é um profissional com muitos vícios, está ficando velho, vai se aposentar logo..." existe também outro tipo de preconceito: as empresas acham que aquele profissional é bom demais pra elas, e que logo receberão proposta de outra empresa ou ainda, que é um profissional caro demais.
É certo que esse preconceito contra os profissionais de uma forma geral, é reflexo de um mercado cada vez mais competitivo, não apenas em produtos e serviços mas principalmente em capital intelectual, os talentos, as pessoas da organização. Quem sabe valorizar esses profissionais, não vive nessa paranoia constante em que acham que o profissional vai logo receber outra proposta e vai embora.
É verdade que existe uma corrida ao topo dos profissionais da geração Y, que estão sempre querendo mais e mais, e passam uma imagem de infidelidade e desconfiança nas empresas, mas é certo também que os colaboradores tem que sair de uma vez por todas da lista de despesas e entrar para a de investimentos. Pois desde que inventaram o comércio, industria, serviços, são eles que trazem o lucro e resultados para a empresa, então, como podem ainda ser considerados uma despesa operacional??
É preciso que o profissional aprenda a ser valorizado, mas nunca perca a humildade. E que os empresários, aprendam a valorizar e reter os talentos de sua organização.



Fonte: www.gestopole.com.br


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