sábado, 26 de janeiro de 2013

Como Administrar Conflitos?


  
Neste momento a temperatura é de 4 graus, são 7h30min de uma manhã gelada. Sento-me junto à janela, uma xícara de chá fumegante, me faz companhia. O silencio é interrompido pelo canto dos pássaros que apreciam imensamente o meu jardim. Estou sendo movida por uma vontade secreta, a mesma de sempre. Eu a conheço de longa data. Esta vontade vem em forma de pensamento. Nada impositivo, ao contrário, trata-se de um pensamento sugestivo. Ele me assopra algo do tipo:

Pára tudo e abra o computador... Deixa o silencio chegar. Permita que as idéias tenham espaço... Esqueça o tempo relógio... Abra espaço na agenda... Precisamos lhe assoprar...

Algumas vezes, resisto a minha vontade, pois penso em meus compromissos, nas inúmeras tarefas que preciso dar conta. Entro em conflito. Abafo a voz, faço de conta que não a ouço. Fico me cobrando produtividade e não produção de artigos. Quero imensamente atingir metas criadas por mim e, a impressão que me passa é que enquanto escrevo, minhas metas ficam a deriva, sem a ação da minha força realizadora.  Seguindo a intuição eu acabo saindo do comando do que criei para mim, para assumir um papel de escritora onde a aquilo que escrevo passa a ser importante para o outro.

Sinto que ao solicitarem o meu silencio para escrever, sou convidada a ampliar o meu entendimento sobre a ordem das coisas. Por exemplo, quem disse que estamos realmente no comando total da nossa vida. Quem disse que ao traçarmos nossos objetivos, movido por nossa vontade, e tão somente por nossa vontade, estaremos de fato 100% corretos na escolha?

    Quem disse que o nosso desejo é a única bússola que devemos seguir?
    Quem disse que estamos realmente em silêncio, quando estamos em silêncio?
    Quem disse correr o tempo todo, para todos os lados é o melhor que podemos fazer por nós?
    Quem disse que ocupar o dia com coisas planejadas, extremamente revisadas e calculadas, é o que de fato deveríamos fazer?

E se, deixássemos o inesperado acontecer?

Se permitíssemos que o imprevisto nos protegesse ao invés de pensar que algo tenha falhado no planejamento?

E se, nos colocássemos mais a deriva para que a rigidez não tivesse tanto poder?

Se apreciássemos a intuição e a respeitaríamos feito um GPS, na escolha das rotas da vida?

E o que poderia acontecer se aceitássemos alguns contratempos como protetores?

Pensamos e agimos na maioria das vezes por influencia do coletivo. Nele algumas regras básicas, mantêm o sistema funcionando fazendo com que a roda gire sem grandes sustos e saltos.

Por mais que o coletivo inspire e influencie algumas escolhas, sugiro que abramos espaço para que, a voz pessoal ou individual, como queiram chamá-la, tenha o direito de nos encontrar. Ao proporcionarmos este encontro, estaremos contribuindo com o nível de acerto em relação a escolhas pessoais que se refletirão no coletivo.

Possivelmente, teremos como companheiros de jornada pessoas mais serenas, semblantes iluminados e profissionais dotados de uma lucidez inexplicável. Aliás, falando em explicável ou inexplicável, alguém poderia explicar-me, o que faço eu, nesta manhã gelada, agora já são 9 horas da manhã, enrolada num cobertor, meu chá acabou, as pessoas passam apresadas pela minha janela para ir ao trabalho, e eu, aqui, escrevendo sobre um tema, que nem ao menos escolhi escrever? Um tema que foi surgindo por intuição, enquanto meus dedos gelados dançavam sobre as teclas.

Alguém poderia explicar-me como posso estar tão feliz por estar escrevendo ao invés de estar indo para o meu trabalho?

E, se a vida estiver sugerindo que: Escrever também é meu trabalho.

Pergunto a vocês:

Se escrever é o meu trabalho, como farei para sobreviver financeiramente? Conflitos que só acontecem no momento em que paramos de correr para aquilo que criamos como nosso modelo de vida, de trabalho e sobrevivência e ousamos ouvir a voz dos nossos anjos.    

Este processo é para poucos, pois exige muito desprendimento. A propósito, alguém pode imaginar a cena: Eu, quarta feira 9h06min. Enrolada em um cobertor, escrevendo... Onde está meu salto alto? Meu batom? Cabelo escovado? Roupa alinhada? Anéis, brincos?

A vida me quer aqui, mas o mercado me quer lá. Então amigos, tomarei uma decisão. Sabe qual?

Que a vida possa ser a minha bússola, que a voz interna possa me alcançar quando estiver correndo exageradamente, que o tempo relógio possa de vez em quando parar, para dar espaço à sabedoria do infinito e passarei a usar com mais freqüência duas frases:

- Calma Irlei! E,

- Que assim seja! 


Irlei Wiesel, publicado em 22/11/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br
Coaching Personal & Professional, Escritora, Conferencista, Empresária no segmento do Agronegócio e Educação Corporativa. Gerente de Negócios

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