terça-feira, 24 de maio de 2011

ENSAIO SOBRE PODER, AUTORIDADE E LIDERANÇA



Publicado na segunda-feira, 23 de maio de 2011

Por Plínio José Figueiredo Ferreira


“Nós podemos guiar nosso cavalo em direção à água, mas não podemos fazer com que ele beba”.
Este não é mais um texto sobre liderança e as qualidades do líder. Pretendo fazer uma reflexão sobre os conceitos de poder, autoridade e liderança sem entrar no mérito do conteúdo psicológico ou comportamental.
Muitos gestores confundem poder com autoridade e autoridade com liderança.
Necessário se faz esclarecer as diferenças, mostrar as semelhanças e a inter-relação entre eles. Também mostrar que o líder e o “chefe” andam intimamente ligados e que a circunstância vai fazer do “chefe” um líder, e fazer com que o líder aja como “chefe”, mesclando Skinner com Rogers.

Senão vejamos:

Poder é a energia básica para iniciar e sustentar a ação, traduzindo a intenção para a realidade.

Autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que queremos por causa da nossa influência pessoal, ou por estarmos investidos formalmente em alguma posição hierárquica.

Liderança é o uso sábio do poder e da autoridade, o que os líderes fazem de forma precisa e oportuna.

Usando poder e autoridade, sem sabedoria, muitas pessoas agem como se pudessem mudar outras pessoas; agem como se pudessem consertá-las, convertê-las à sua religião, arrumar suas cabeças em proveito próprio.

Usando o poder e a autoridade, com sabedoria, muitas pessoas influenciam os outros, através do exemplo, a terem comportamento ético e cidadão porque estão sempre comprometidas na busca da cooperação, com a demonstração de integridade, com a confiança e o respeito do grupo. Assim pode-se levar uma comunidade humana a dar forma a seu futuro e, principalmente, levar adiante os processos significativos de mudança. Toda liderança é transformadora.

As pessoas, na verdade, não querem ser administradas pelo uso, puro e simples, do poder e da autoridade. Elas querem ser lideradas. O líder pode fornecer todas as condições, mas são as pessoas que devem fazer as próprias escolhas para mudar. Como disse Tolstoi, “todos querem mudar o mundo, mas ninguém quer mudar a si mesmo”. O melhor que pode ser feito é fornecer o ambiente certo e provocar um questionamento que leve as pessoas a se analisarem para fazer suas escolhas de mudar e crescer.

Quando a liderança deixa de ser aceita pelo grupo porque o respeito e a confiança já deixaram de existir, bem como o exemplo, o líder continua “liderando” através, somente, da autoridade constituída e do poder. Isto compromete qualquer tipo de gestão. A liderança foi exaurida de legitimidade. Os métodos continuam sendo os mesmos e se tornaram anacrônicos.  Não se renovaram como princípio precípuo da liderança: a renovação.

Vemos isto nos países que estão contestando suas lideranças. O líder que prometia levar adiante processos significativos de mudanças, almejados pelo povo como escolha para mudar o status quo, termina se perpetuando no poder através da força, e instalando uma autocracia. Será que eles deixaram de ser líderes, ou nunca o foram em qualquer época?

Deveremos ter muito cuidado com o aspecto semântico. Diferenciar conceitualmente chefe de líder pode nos levar a erros, não somente gramaticais. O que deve ser levado em consideração é o comportamento circunstancial, temporal e oportuno.
 

Do Blog do Plinio J. Figueiredo Ferreira - Recebido por e-mail do autor

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