quinta-feira, 30 de junho de 2011

Absenteísmo é só a ponta do iceberg



Absenteísmo é o termo usado para designar a ausência do trabalhador na empresa.

Uma questão grave e complexa para as organizações, pois envolve remunerações, perdas de produção, gastos extras, que provocam prejuízos.

Muitos estudos e pesquisas  apresentam  as causas das ausências relacionadas à capacidade física e  psicológica das pessoas, e à  falta de motivação para o trabalho, influencida por   fatores internos e externos à empresa.

A motivação para a assiduidade também é afetada por procedimentos  organizacionais,  como recompensas e punições.

A declaração de missão de muitas empresas traz suas crenças e valores, pois as reconhecem em suas culturas como aspectos

de integração, participação e comprometimento.

A questão, tratada de forma direta, nos leva a perguntar: por que uma pessoa integrada, participativa e comprometida se ausentaria do trabalho?

Esse assunto gera acalorados debates e um frio na espinha dos gestores de recursos humanos, que procuram apoio de médicos, psicólogos, assistentes sociais, mas muitas vezes mantêm-se afastados dos gestores das áreas onde a incidência é signifitiva.

Vamos a alguns casos práticos,  expostos para reflexão.

Silva é um supervisor intransigente e de difícil trato. Os funcionários o evitam, preferiam não ter que trabalhar com ele. Pelos anos de casa Silva conta com apoio do gerente e respeito da direção.

Verdade seja dita, seu chefe imediato miniza os contatos também, conversando assuntos estritamente necessários, e usa como ponte a habilidade de sua assistente Neusa, quando deste não quer se aproximar.

É justamente em sua área que o absenteísmo apresenta maior incidência.

Quando um funcionário lhe dizia que chegaria atrasado, pois tinha algumas questões para resolver fora da empresa,  ele simplesmente respondia: - Se vai atrasar, não precisa vir!

A regra se estabeleceu, as pessoas se ausentam e depois comunicam.  Mesmo os novatos, assim que chegam, são orientados quanto à cultura pelos colegas.

Teodoro, líder de uma das turmas, gosta de “tirar o máximo que pode do dia”. O ritmo de trabalho em seu setor, quando chegou, era alucinante. Não durou muito a proeza. É ali, justamente, onde a quantidade de afastamentos e ausências de trabahadores  se mostra preocupante.

O trabalho pesado e repetitivo têm provocado baixas e Teodoro não se mostra sensível para analisar o fato com seus colegas de recursos humanos.

Pedro, supervisor da área ao lado,  não. É camarada e compreensivo. Mantém as portas abertas e  diálogo franco, mas vive um dilema.

Na equipe se deparou com dois colaboradores com perfis diferentes, competentes, mas que lhe provocam a sensação de excesso e falta de comprometimento, como dizia à Joel, o gerente de recursos humanos.

Um deles, Benê, vive às turras com a esposa, que o quer por perto sempre que leva Pedrinho, o pequeno filho, ao pediatra.

Sua presença  nas festinha da escola do rebento é mais um motivo para os desentendimentos, entre outros. A situação é pública, gerando algumas observações dos colegas: “antes de pedir à Benê que faça algo é melhor perguntar se virá!”

Bill já tem outro comportamento. Dia desses a “menina do meio“ sofreu um pequeno acidente e passou por uma rápida cirurgia. Preocupado e zeloso, esteve ao lado da esposa no hospital.  Terminado o procedimento e tranquilizado pelo médico, que lhe explicara que nada grave havia ocorrido, acertou  com a esposa que iria para a empresa e no fim do expediente voltaria.

Os amigos, inconformados, lhe diziam: - Bill, o que você está fazendo aqui, filha está hospitalizada?

Bill, com toda paciência do mundo, procurava acalmar todos explicando que fora mais o susto e que, com seis filhos, se cada vez que um ficasse doente ele se ausentasse, jamais trabalharia.

Absenteísmo, mais do que a pura ausência  do trabalhador, costuma estar ligado à falta de entendimento de questões importantes que precisam ser  gerenciadas.

Ouvir todos os envolvidos  permitirá o esclarecimento do problema, pois para essa complexa questão, que tanto desconforto gera, há um ditado popular bem adequado: “Toda panqueca, por mais fina que seja, sempre tem dois lados”.

Por essa razão, esteja atento,  absenteismo é apenas a ponta do iceberg. Para conhece-lo, a única forma  é mergulhar em águas frias.

Autor: Ivan Postigo

Publicado em: 13/06/2011, no site: www.qualidadebrasil.com.br

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