domingo, 26 de junho de 2011

Os cinco degraus da ruína empresarial (1/2)



     Tenho abordado a questão da derrocada empresarial com mais freqüência do que costumo fazer, por duas razões:

    a) As consultas de empresas em sérias dificuldades têm aumentado;
    b) Quando escrevo sobre um determinado assunto é comum que surjam mais perguntas.

Nesses momentos, em que a crise assola a empresa, a primeira conversa com os gestores é bastante longa e truncada.

Envolvem debates sobre o futuro, algumas abordagens sobre o presente, que é o que importa, e relatos de intranquilidade.

Ao usar esses termos me perguntaram: “Você sempre fala do futuro, este é que devemos planejar, o presente já se tornou operacional, então porque você nesse caso está com o foco nele?”

Ora, é simples, quando algo não tem futuro o que é que importa? O presente!

Uma atenção especial no presente quem sabe não abre novamente as portas do futuro?

Isso é cruel? Sim, mas porque essa situação se apresenta dessa forma?

Não responda, não precisa, coloco a seguinte situação: uma pessoa lhe diz que não tem mais crédito com os fornecedores e nem com os bancos, pois esgotou todas as linhas, e sem matéria-prima a fábrica irá parar no dia seguinte.

Como você qualifica essa situação?

Que recomendações sobre o futuro do empreendimento pode dar a ela?

Calma, não vale lhe perguntar por que não o procurou antes e por que deixou a situação chegar nesse ponto!

Tudo o que ela precisa nesse momento é que você a ajude a pensar como sair dessa situação.

Você pensa, pensa, pensa, e não vê saída.

Ah, vende a empresa!

Ok, quando? Lembre-se que a fábrica vai parar amanhã e as despesas continuam “correndo”.

Dá para sentir o tamanho do problema?

Como a conversa é entre nós e não com o gestor que está com o “pepino” ou o “abacaxi para descascar”, vá lá, faça a pergunta: “Por que deixaram a situação chegar nesse estágio?”

A lista de motivos é enorme, desde a invasão de produtos estrangeiros até as barreiras criadas pelo ego.

Estava tratando de algumas questões financeiras esta semana quando um amigo me lembrou uma frase, que ele considera sensacional, para ser usada quando nos achamos maiores que os desafios e não aceitamos e não queremos ajuda.

Temos uma pessoa nos nossos contatos, hoje felizmente bem sucedida, que já passou por enormes apertos, que nos disse certa vez: “Aprendam com os erros dos outros, até então é grátis. Pagar o preço por puro orgulho é estupidez. Digo isso porque a minha empresa “arrebentou” bem antes do que meu ego, e se não tivesse acordado teria levado esta também pro buraco.”

Evidentemente que a situação de uma empresa em crise não dá para ser avaliada numa tabelinha e nem os vários estágios são nítidos, mas dá para considerar que o processo de deterioração tem cerca de 5 degraus.

Autor: Ivan Postigo

 Publicado em: 30/05/2011, em www.qualidadebrasil.com.br

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