segunda-feira, 1 de novembro de 2010

AS ESCOLAS CONSPIRAM CONTRA AS EMPRESAS?





Publicado em 10-Oct-2010, por Nelson S. Lima




A maioria do trabalho remunerado no mundo capitalista é obtido nas empresas. Elas constituem a principal fonte de rendimento de muitos milhares de milhões de pessoas. As empresas - públicas ou privadas - vivem atualmente num agitado período de revolução. Quem estiver a par dessa realidade, verificará que o mundo do trabalho está, por conquência, em evolução. Muito rápida, aliás.

Um dos problemas que o mundo dos negócios enfrenta é um ambiente "volátil", carregado de desafios para os empresários, os executivos e os trabalhadores em geral, seja de que categoria e nível profissional forem.

As empresas têm de ser muito mais rápidas a decidir, a inovar, a adaptar-se a novos concorrentes, a novas formas de comunicação (internet, etc.), a consumidores mais informados e exigentes, a restrições mais severas (nomeadamente ao nível ambiental), etc. Tudo isto tem impacto nas empresas e traz novas exigências aos trabalhadores.

Segundo o governo norte-americano mais de 75% dos actuais empregados dos Estados Unidos vão necessitar de receber nova formação para poderem manter os seus empregos. Estima-se que, dentro de 8 anos, cerca de 80% de todos os empregos exigirão algum tipo de formação superior. Problema (para os americanos e não só): as escolas não estão a preparar adequadamente a futura força laboral para competir na economia global. Este é o maior desafio do ensino nos próximos tempos. Nos Estados Unidos e não só, obviamente.

O famoso consultor empresarial Tom Peters define o nosso tempo como a "Era Perturbadora" onde muitas das nossas ideias, crenças, práticas e atitudes perante o trabalho estão a necessitar de uma revisão urgente! Não é por acaso que o seu último livro tenha recebido, na edição portuguesa, um título esclarecedor: REINVENTAR O MUNDO!

REinventar a Educação! URGENTÍSSIMO!


De fato, o mundo transformou-se completamente mas o processo não terminou. As mudanças vão continuar por efeito do próprio progresso tecnológico e há que repensar tudo. Nomeadamente a educação.


Os "homens do futuro" serão os nossos filhos. Estaremos a educá-los adequadamente para um tempo que diferirá muito do actual?

Esquecendo os velhos conservadores que pouco perceberam ainda do que se está a passar na vanguarda do mundo há que passar à ação e tomar decisões corajosas.

Para começar: o sistema da educação está MUITO MAL! É o setor mais atrasado da sociedade. É aquele que tem mais dificuldade em evoluir. Os Governos tentam apenas "reformar" o "irreformável" pois o sistema educativo foi criado na era industrial e não está muito diferente, apesar de todos os remendos realizados.

Voltando a Tom Peters. Escreve ele "Eu imagino (aspiro) a um sistema de ensino que reconhece que aprender é natural, que o amor pela aprendizagem é normal e que a verdadeira aprendizagem é apaixonada. Um curriculo escolar que valoriza as perguntas mais do que as respostas...a criatividade acima da regurgitação de fatos...a individualidade acima da uniformidade...e a excelência acima do desempenho padronizado".

"Ora - diz ele - o sistema escolar é uma CONSPIRAÇÃO mal disfarçada para eliminar a criatividade". Mais: O SISTEMA DE EDUCAÇÃO É UMA ORGANIZAÇÃO DE SEGUNDA CATEGORIA, ESTILO FÁBRICA, A DEITAR CÁ PARA FORA INFORMAÇÃO OBSOLETA DE FORMA OBSOLETA!

Também Jimmy Breslin, colunista da Newsday, no seu estilo aberto e arrojado, vai mais longe e confessa: "Quando passo por uma CADEIA ou ESCOLA tenho pena das pessoas que estão lá dentro!".
Mais ainda: "As salas de aulas são sítios absurdos, a não ser que sonhe com uma carreira como guarda prisional. Não têm nada a ver com o mundo real (actual)". "O problema -acrescenta Tom Peters - é que milhões de alunos nunca recuperarão dessa nefasta experiência".

Já antes o genial Alvin Toffler escrevera que "as escolas não estão conectadas ao futuro dos miúdos por quem são responsáveis".

Basta ver que metade daquilo que as crianças de hoje andam a aprender nos primeiros anos de escolaridade vai ser facilmente executado por robots quando elas forem adultas (in The Exteme Future").

Mas, pior ainda, é que, de acordo com a opinião de Frank Smith, líder do pensamento educacional e autor do interessante livro Insult to Intelligence, "a bomba-relógio em todas as salas de aulas é que os estudantes aprendem exactamente o que lhes é ensinado. DESENCORAJA um grande número de seres humanos de explorarem as coisas de que eles possam realmente gostar" e de que a sociedade do futuro (para onde eles caminham) vai exigir!



Nelson Lima
Diretor de Investigação em Psicologia
EURADEC (Berlim, Alemanha)
nelsonlima@europe.com

Fonte: www.gestopole.com.br

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