segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A FALÁCIA DO DISCURSO



Publicado em 15-Dec-2010, por Jose Orlando Serafim De Souza



Estamos chegando ao final da primeira década do século XXI. Nesses últimos 10 anos vimos uma revolução na tecnologia da informação, e consequentemente dos mercados, os quais se reinventaram a partir da inovação.

Muitas organizações sobreviveram e continuaram no ritmo das fusões e aquisições. A competitividade aumentou exponencialmente, buscando modelos de gestão adaptados a nova demanda, nem sempre inovadores. Os cursos preparatórios em gestão(MBA) tornaram-se um requisito mandatório para muitos profissionais em ascensão, considerando que muitas empresas financiaram a capacitação dos seus executivos e novos talentos.

Na última década, o termo “Gestão de Pessoas” foi bastante difundido, afinal, as organizações de sucesso precisavam reconhecer que as pessoas eram parte fundamental do crescimento e desenvolvimento empresarial, além dos processos e da estratégia. Muitos seminários, congressos, palestras e tantos outros encontros foram realizados para se discutir o tema liderança e gestão de pessoas. Investimentos pesados em palestrantes de alto nível, consultorias de renome, criação de revistas especializadas, inúmeros livros lançados.

Vimos o “boom” das redes sociais, blogs, micro blogs, e sob á luz da interatividade e convergência do conhecimento, estamos hoje cada vez mais interconectados. Muito conhecimento nas nuvens, precisando ser dimensionado, filtrado e direcionado para criar valor para as organizações.

Enfim, penso que criamos uma boa plataforma para a próxima década. E isto nos permitirá avançar ainda mais, de modo a encontrar algumas soluções para os problemas complexos existentes hoje, a exemplo da fome e da miséria mundial, ou ao menos, minimizar estes flagelos que torna o mundo tão desigual. Mas aí já temos o discurso da sustentabilidade que caminha a passos lentos, enquanto assistimos o avanço na degradação do planeta.

Mas, independente dos avanços que temos feito em tecnologia(conhecimento aplicado), estamos sem dúvida, dando voltas em torno de uma questão importante: Quais os reais avanços obtidos na área de gestão, quando falamos de pessoas? Quais as políticas de gestão de pessoas que se tornaram modelos para as empresas brasileiras na última década?

Situando esta discussão no escopo das médias e grandes empresas, e levando-se em conta nosso modelo econômico, o que precisamos fazer para eliminar o discurso da falta de mão de obra qualificada? Referimos-nos porventura ao homem de conhecimento, como denominou o renomado professor Drucker? Ou estamos falando de mão de obra especializada de chão de fábrica? Ou mesmo da construção civil?

Convenhamos, existe atualmente um grande contingente de pessoas de nível superior, exercendo funções aquém de suas reais potencialidades ou mesmo disponíveis no mercado em busca de uma recolocação, e por tempo indeterminado. O que pode ter ocorrido nesta década?

Não desconsiderando que o lucro é a visão essencial de um empreendimento, não obstante, o que falta para que o discurso das pessoas como alavancagem de sucesso, seja convertido em algo palpável para as pessoas? Digo, mensurável no balanço das avaliações de RH. Sim, balanço, ou outro tipo de métrica, que aponte como andam as carreiras dos profissionais que atuam em sua organização. Ou faremos o discurso pronto que isto é de exclusiva responsabilidade do profissional? Uma pergunta básica: Quais são os indicadores chaves de sucesso em sua organização? Estão difundidos na cultura da empresa?

Destaques em revista de circulação nacional para deixar a organização mais visível, não quer dizer necessariamente, que seus funcionários e clientes estão “muito satisfeitos” ou “satisfeitos”. Precisamos encarar os releases como algo que retrate a realidade. Os questionários que medem o clima organizacional, e que deixarão a organização mais visível no holofote do mercado, devem ser encarados com a maior transparência possível.

Reflitamos, se balanços de empresas consagradas, e que são feitos por empresas especializadas, podem não traduzir a realidade da saúde financeira de uma organização, o que me dizem da pesquisa de clima feita sem uma metodologia rigorosa? E as avaliações de desempenho então, como estão sendo desenhadas a ponto de serem imparciais?

Portanto, é necessário que na nova década, as organizações possam avaliar as experiências passadas como quem olha para um retrovisor em um carro em movimento, vislumbrando os acertos, mas, sobretudo aprendendo com os erros na medida em que segue para o futuro. Na nova década precisaremos de organizações cada vez mais transparentes, socialmente justas, e que fundamentalmente, estreitem cada vez mais o discurso á prática empresarial.



José Orlando Serafim de Souza
Administrador de Empresas e MBA em Gerenciamento de Projetos.
Twitter: @orlandoserafim

Fonte: www.gestopole.com.br

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