domingo, 23 de janeiro de 2011

Ricardo Semler - O maior Reengenheiro do Brasil



Publicado em 29-Dec-2010, por José Carlos Rodrigues Junior



Não podemos falar de Reengenharia, sem citar a Semco S/A e seu grande Reengenheiro, Ricardo Semler.
Ricardo tornou-se no final dos anos 80, um dos grandes nomes da administração brasileira e mundial, e seu livro, VIRANDO A PRÓPRIA MESA, um grande best-seller. Sua obra é editada pela EDITORA ROCCO.
Ricardo Semler nasceu em São Paulo em 1959. Desde 1980, é presidente da Semco S/A, empresa com sete subsidiárias no setor de serviços, maquinário e softwares. Tornou-se consultor requisitado por empresas como GM, Discovery Channel e NASA, além de ter proferido mais de 500 palestras em diversos países, fato atestado pela sua participação em simpósios internacionais, onde também estavam Bill Clinton, Michael Eisner (Disney), Michael Capellas (Compaq), entre outros. Eleito líder de negócios do ano, em 1990 (ano em que também foi escolhido Homem de Negócios da América Latina pela revista America Economia, do Wall Street Journal) e 1992. Semler formou-se em Direito na Universidade de São Paulo e estudou Administração de Empresas em Harvard – escola que só o aceitou, após ter escrito uma carta criticando a instituição. Foi vice-presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para que possamos entender o tamanho da revolução que Ricardo Semler aplicou na Semco, vamos contar um pouco da história desta ex-empresa familiar, que estava arruinada e “indo para o buraco”, por ficar arraigada a métodos e processos obsoletos e ultrapassados. Em 1953, o engenheiro austríaco Antonio Curt Semler funda a Semco, com o intuito de fabricar centrífugas para a indústria de óleos vegetais. Nos anos 60, com o crescimento da indústria naval brasileira, a Semco passa a produzir bombas hidráulicas, bombas de carga, eixos e outros componentes. Até os anos 80, a Semco detinha praticamente o monopólio da indústria naval, equipando 70% de nossa frota.
Em 1980, Ricardo Semler, filho do fundador, assume a empresa, muito mais por falta de opções e de interesse dos demais, do que pelos próprios méritos do rapaz, pois ninguém queria arriscar o seu nome num barco afundando. Ricardo assume e promove uma verdadeira revolução na empresa e no mundo dos negócios. Quando assumiu, Ricardo se deparou com a seguinte situação: um só ramo industrial (naval) e um número restrito de clientes (os estaleiros). A Semco passa a diversificar seus negócios, adquirindo licenças de fabricação de empresas como a Philadelphia Mixer e a Littleford Day. Com isso, a empresa passa a produzir misturadores para as indústrias química, farmacêutica, alimentícia e de mineração. Este é considerado o Primeiro Ciclo de transformações da Era Ricardo Semler.
O Segundo Ciclo pode ser explicado com mais diversificações, através da aquisição de subsidiárias e empresas estrangeiras que estavam querendo deixar o Brasil: Baltimore AirCoil, Hobart e Flakt. Em 1984, a Semco passa a fabricar também equipamentos de refrigeração industrial, sistemas de ar condicionado, processadores de alimentos e higienizadores para cozinha industrial. Na segunda metade dos anos 80, a gestão centralizada e funcional passa a ser executada em quatro unidades de negócios: Unidade Naval, Unidade de Equipamentos Industriais, Unidade de Refrigeração e Unidade de Bens Duráveis. Com o conceito de unidade de negócio, mais liberdade e mais responsabilidade para todos os gestores e pessoal da empresa, passa a ser a tônica.
Com o início da década de 90, a Semco pressente os efeitos negativos da globalização e passa a concentrar-se nas áreas que são o seu forte, originando o seu Terceiro Ciclo. Neste período também, ela começa a dar os primeiros passos em serviços inovadores, em parceria com empresas de renome internacional:
1993 – Semco ERM Brasil – engenharia ambiental;
1994 – Cushman & Wakefield Semco – gerenciamento de patrimônio e consulta imobiliária;
1995 – Semco Johnson Controls – gerenciamento de plantas industriais, supermercados e lojas de departamentos;
1998 – Semco RGIS – serviços de inventários informatizados, voltados para as grandes redes de varejo.
Nos anos 2000, o Quarto Ciclo começa com a criação das seguintes empresas:
2000 – Semco Ventures – especializada em prospectar e desenvolver novos negócios;
2001 – Semco Mobius – arquivos de documentação integrados e sistemas de recuperação;
2001 – Semco Manutenção Volante – manutenção, cujo diferencial é atuar de forma não fixa, em todo o território nacional;
2004 – Semco Exult – a Exul que faz a parceria com a Semco é a líder e pioneira mundial no mercado de terceirização de serviços integrados de Recursos Humanos.
Hoje o grupo tem mais de 2.200 funcionários, administrado por um colegiado formado por alguns diretores corporativos e o titular de cada unidade de negócio.
MODELO DE GESTÃO O modelo de gestão da Semco pode ser entendido da seguinte forma:
1. ORGANOGRAMA – a empresa não usa organogramas formais, lá só pode liderar quem tiver o respeito dos seus liderados. Quando se é necessário, ele é feito a lápis, de forma temporária;
2. CARGO – tanto faz ter um cargo pomposo ou simples. O mais importante é fazer com que as pessoas aprendam sempre mais, e se tornem polivalentes;
3. ROTAÇÃO – as pessoas mudam de cargo e de área de tempos em tempos. Além de estar sempre motivando os funcionários, eles sempre estão aprendendo algo novo;
4. LIBERDADE – total liberdade, seja de falar, agir ou se expressar. As portas estão sempre abertas a todos;
5. APARÊNCIA – a boa aparência não influencia em nada na empresa. Cada um tem o bom senso para se vestir da maneira que quiser;
6. AUTORIDADE – pressões, medo, gritos ou qualquer tipo de desrespeito são considerados incapacidade de liderança, insegurança ou mau uso da autoridade;
7. HORÁRIO – cada um planeja e faz o seu;
8. FÉRIAS – a Semco faz com que todos tirem férias, pois além de não existir ninguém insubstituível, faz muito bem para a saúde;
9. AVALIAÇÃO – todos são avaliados por todos. O líder avalia o colaborador e vice-e-versa;
10. AMBIENTE – pinturas de paredes, máquinas, plantas ou decoração da área de cada um são decisões que podem e devem ser tomadas pelas pessoas que trabalham no local;
11. SEMCOPAR – nada mais que é o Programa de Participação nos Lucros. Todo o semestre, cada unidade ganha um cheque, que é entregue a um fundo administrador por pessoas eleitas pelo voto direto, que decidem o destino do dinheiro;
12. PESSOAS - todos são chamados de "pessoas", que compõe uma ou mais equipes. Termos como "funcionário", "empregado", "subordinado" e outros, não são usados na Semco;
13. INFORMALIDADE – festinhas no final do expediente, entrada em reuniões aonde não são chamados e outras formalidades, são comuns na empresa;
14. ORGULHO – o sentimento de orgulho e de satisfação existem em todos os membros das equipes.
Hoje em dia, a Semco fatura 160 milhões de dólares ano, tem 13 executivos principais e Ricardo Semler trabalha em seu escritório em casa, dando liberdade e autonomia para todos decidirem. A recente inovação de Ricardo é o escritório não territorial. O que é isso? Ricardo Semler junta num mesmo espaço, pessoas de diferentes áreas para trabalharem um ao lado do outro. Não existe lugar fixo ou pré-determinado, somem mesa, secretária, armários, telefone fixo e etc. As pessoas podem decidir entre os ambientes disponíveis no prédio-sede, escritórios-pulmão (Ricardo está criando-os), num jardim com uma bela rede para se acomodar e até mesmo em casa. Nos escritórios-pulmão, a primeira providência é acessar o computador colocado na entrada, e disponibilizar um espaço para trabalhar. Mas não vá pensando que terá todo o espaço do mundo, o tamanho é mínimo, apenas para alocar um telefone e um notebook. Os documentos têm de caber numa pasta preta tipo follow-up e num arquivo sobre rodas que acompanha os donos em suas andanças pelo escritório. Para terminar e deixar você com mais água na boca de se trabalhar num lugar destes, cada um pode dar uma cochilada na hora em que sentir vontade.
Este é Ricardo Semler, sem dúvida alguma, o maior Reengenheiro brasileiro.

Fonte: www.gestopole.com.br

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