quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Por este caminho ou por aquele?



Publicado em 3-Dec-2010, por Paulo Ricardo Silva Ferreira



Direcionar o negócio em busca do caminho mais acertado parece ainda ser a grande questão vivenciada por empresários. Nos mais diversos tipos de segmentos e independentemente do tamanho da própria empresa há um momento que ferramentas como processo estratégico, análise do negócio e ambiente empresarial, bem como o diagnóstico do setor e da própria empresa, não são suficientes para a elaboração de uma diretriz ou de uma decisão com segurança.
No início dos anos 80, a Coca-Cola se sentindo ameaçada com a evolução da Pepsi no mercado, lançou a New Coke, com novo sabor – mais doce e suave – e deixou sua fórmula clássica de lado. Nessa época, a Pepsi fazia testes com cegos para provar que seu refrigerante era melhor; além disso, tinha 2% a mais de market share levando em consideração os supermercados (nos demais, a Coca-Cola liderava). O que parecia ser uma ação repleta de lógica e indicadores, até porque estava amparada por pesquisas, a qual demandou mais de dois anos e quatro milhões de dólares para definir a nova fórmula (200.000 testes para definir o sabor do refrigerante, 30.000 só para a fórmula final), terminou em um enorme erro de marketing. A Coca-cola ignorou os 40% dos apreciadores do gosto antigo e sofreu as conseqüências por isso.
Esse é sempre um bom case para demonstrar que a empresa é dos nossos clientes, logo aquela frase que o Cliente sempre tem razão, mais que um jargão ela reflete a capacidade da empresa sobreviver e se adaptar as mudanças conforme a percepção do cliente. Também e principalmente, o exemplo acima medita que pela tomada de decisão transpassa todo um contexto pragmático e lúdico, subliminar e consciente de inclusão e exclusão.
Tomar decisões é uma forma de exclusão de opções e não estamos preparados naturalmente para excluir. Entre nascer e morrer existe um intervalo que pouco de nós aproveitamos, pois sempre estamos com nossas atenções voltadas em não sermos excluídos: da família, da escola, dos amigos, enfim, de todos os grupos e subgrupos humanos como se este não fosse um caminho natural. Perdemos muito tempo em não estar fora, do que maior concentração em estar realmente dentro. Damo-nos ao luxo de uma participação periférica em vários grupos só para não abandoná-los, como se esses grupos não percebessem a nossa ausência.
Antes que os executivos apresentassem as imagens, gráficos e projeções financeiras que eles tinham preparado Edward E. Whitacre Jr., diretor-presidente da General Motors Co, perguntou por que eles tinham convocado a reunião? "Vocês todos já estudaram tudo isso cuidadosamente", disse Whitacre em seu sotaque arrastado do Texas, segundo um participante. "Imagino que vocês não vão aprovar alguma coisa que seja ruim ou deficitária. Assim, por que vocês mesmos não tomam as decisões finais?".
Na tomada de decisão empresarial nos utilizamos do nosso conhecimento e de outras pessoas para encontrar o melhor caminho e que não há nunca apenas um caminho que podemos percorrer. Então a escolha do caminho é parte da solução, porque o que realmente tem se evidenciado como problema está mesmo em estabelecer claramente para quem é melhor o caminho que escolhemos? No caso da GM e seu presidente, delegar a autoridade e a tomada de decisões para uma camada abaixo na hierarquia da montadora e cortar a burocracia são pontos importantes para a mudança e quebra de paradigmas. De alguma forma Whitacre está fazendo com que seus gerentes e equipes aprendam que escolhas decepcionam alguns e alegram outros, motiva uns e desanimam outros, desperta interesse ou desperta desinteresse.
As pessoas naturalmente funcionam verificando se o seu posicionamento não irá excluir algo. Este funcionamento que está na neurociência relacionado com a parte detrás do cérebro, mais conhecido como a parte do Dinossauro, é que está sempre preocupado em sobreviver. O importante é saber que a dinâmica do sobreviver é sempre um olhar para o seu próprio umbigo, individual, míope, autocrático e fadado a extinção. Saímos de uma época mecanicista e entramos para uma Era Cooperativista.
Na Era Cooperativista a tomada de decisão sempre prioriza a inventividade. O empreendedorista sabe que o ambiente mais propício para o desaparecimento é a zona de sobrevivência, pois se trata de uma zona de conforto. Um ambiente sem desenvolvimento, oco, estéril, é puramente estático. Conforme Alvin Toffler, um autor distintivo em matéria de escolher, traduz bem essa questão para os tempos atuais: "Os analfabetos do século XXI não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que se recusam a aprender, reaprender e voltar a aprender". Sempre temos a opção de levar o melhor de hoje para o amanhã, mas para isso, é preciso coragem para estabelecer e escolher o que é passado ou permanecemos analfabetos de futuro.
Aproveitar o espaço entre nascer e morrer é uma opção, vamos decidir?


Do site: www.gestopole.com.br

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