quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Desafios para a nova geração de administradores



Publicado em 29-Sep-2010, por Felipe Ribeiro Pinto


Terminou hoje o EnANPAD, encontro anual de pesquisadores em administração, maior congresso da área do país, sendo oportuno refletirmos a respeito do quanto avançamos na atividade de administrar. Antes de tudo, é preciso compreender o que é administração, para que seja possível discutir o quão próximos ou distantes estar-se-ia da eficácia nesta atividade que se pretende balizadora da eficácia empresarial e de todas as outras atividades realizadas dentro de uma organização.

Há 30 anos, Peter Drucker já apontava três objetivos para a administração: definir a missão da empresa e garantir que as atividades organizacionais busquem-na, tornar o trabalho produtivo e o trabalhador realizado e fazê-lo de maneira sustentável. Estes objetivos seriam perseguidos pela própria organização e por todo profissional cuja atividade afete os resultados organizacionais independente de seu cargo ou do profissional possuir subordinados ou não.

No entanto, em artigo premiado no EnANPAD, Prolegômeros a toda administrologia futura, Ariston Azevedo e Paulo Sérgio Grave, a administração foi proposta como uma ação virtuosa que ocorre dentro de uma organização visando um objetivo que se encontra fora dela, localizando-a em três atos: de iniciar, de mediar e de gerenciar.

Os objetivos definidos por Drucker e a definição proposta no artigo podem convergir. E precisam fazê-lo se a administração pretende revelar-se como prática virtuosa, capaz de promover o bem. Esta dimensão ética, como em toda profissão, precisa ser buscada considerando os objetivos próprios da administração, donde se conclui que é na análise de quão próximos estamos de atingi-los convenientemente que se pode auferir a eficácia administrativa.

Neste ponto, avançou-se bastante no primeiro objetivo, relativo à missão da empresa. Busca-se, na organização, que a empresa atue de maneira coordenada e sinérgica, dentro de um ramo de negócio definido, visando alcançar resultados almejados em termos operacionais e financeiros, a partir de uma estratégia e um posicionamento competitivo perceptível. Muito se avançou na capacidade empresarial de reunir os recursos financeiros, de capital, humanos e gerenciais convenientes para que a organização seja eficaz.

Avançou-se razoavelmente em relação ao terceiro objetivo, relativo à sustentabilidade. Percebe-se que os discursos empresariais assimilam cada vez mais a relevância de atenuar os impactos ambientais e sociais que suas atividades acarretam. Embora ainda se pense que responsabilidade ambiental é uma questão de benevolência ou parte de uma estratégia de marketing, o marketing de causas, com muitas ações como o Mc dia Feliz, pode-se permitir um certo otimismo em relação a este objetivo, considerando que ao menos problematizada esta questão têm sido.

Contudo, é no objetivo de tornar o trabalho produtivo e o trabalhador realizado onde mais é preciso avançar. Nem mesmo se discute adequadamente como fazer para articular o valor existencial do trabalho e o seu valor econômico. Este objetivo não pode encerrar-se em discussões encerradas nas áreas de recursos humanos das empresas, ele precisa impregnar o planejamento estratégico e as atividades organizacionais.

É preciso que as empresas adotem tecnologias e gerenciem seus projetos de mudança baseadas no diálogo interno, tomando decisões negociadas e dando autonomia para seus profisssionais inovarem e projetarem sua subjetividade em seu trabalho. Este é um grande desafio para a geração Y de administradores que exige das empresas esta postura, mas precisará ser capaz de produzi-lo, pois as organizações, da maneira como são atualmente administradas, ainda não deram a este aspecto do trabalho, a atenção que efetivamente necessita para alavancar os resultados organizacionais e sua capacidade de promover a felicidade humana.



Fonte: www.gestopole.com.br


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