domingo, 17 de outubro de 2010

RECICLE SEU CÉREBRO. GANHE MAIS PODER.



Publicado em 4-Oct-2010, Nelson S. Lima



O design e as estruturas de nosso cérebro têm mais de 20 mil anos (talvez mesmo 200 mil anos). É velho de mais para enfrentar os desafios do século XXI, se nada fizermos que altere a sua configuração.



Introdução

Trabalho há 41 anos (tenho 64). Estive sempre ligado ao universo da gestão tendo sido Diretor de Relações Públicas e Director de Marketing (por mais de 20 anos) criando de seguida minha própria organização de serviços de psicologia e neurociência aplicadas, dirigida a públicos tão distintos como crianças superdotadas e executivos.

Desde há 12 anos que tenho desempenhado simultaneamente as funções de CEO e também de clínico, não dispensando meus contatos diretos com a realidade psicológica de cada caso. Procuro equilibrar meus conhecimentos naquela dose ideal de 50% teoria e 50% prática, o que me permite ter uma notável destreza mental. Tanto assim é que, mantendo ainda as mesmas responsabilidades atrás citadas e estando mais "velho" (em idade de aposentadoria) acabei de acumular novas funções porque meu cérebro se rejuvenesceu (acredite): Diretor da Divisão de Pesquisas Psicológicas da Euradec (Associação Europeia para o Desenvolvimento da Educação e da Cidadania, www.euradec.eu, com sede em Berlim (Alemanha) e também Representante e Diretor Nacional da mesma organização no Reino Unido. Além de tudo isto (estes cargos não são simbólicos mas altamente executivos) dou muitas conferências (a última foi sobre o cérebro, no 3º Congresso Português do Envelhecimento e da Doença de Alzheimer, há 15 dias).

Vem tudo isto a propósito do cérebro e das suas fantásticas funções e capacidades (acrescento que sou formado em Neuropsicologia e Hipnologia Médica e doutorado em Investigação Psicológica). Numa época de mudança e sobretudo de tanta competitividade e exigência no mundo do trabalho e dos negócios devemos ter em atenção este órgão fundamental.

Formação convencional em apuros

Não menosprezando seu valor, considero que a maior parte dos investimentos em formação não têm como resultado o que deles se espera. Também já fui formador em centenas de cursos profissionais e hoje verifico que muitos dos saberes que se pretendem transmitir não atingem os objectivos. Isto é particularmente visível nos cursos que visam a melhoria do desempenho ou o aumento da capacidade de resposta. As pessoas apreendem muitos conceitos mas daí até à sua prática (e sucesso) vai uma grande distância. Isto acontece por muitos motivos e por isso tem-se tentado inúmeras soluções. Na falta de melhor já vi empresários socorrerem-se de cartomantes e astrólogos para buscarem as respostas que seus colaboradores não conseguem dar. Ora isto é ridículo. É bizarro.

Os especialistas em formação sabem que o sucesso individual e colectivo pode estar comprometido por factores como fraca motivação, falta de organizaçãlo, falta de confiança, personalidades inadequadas para as funções, etc., etc., (a lista é longa). Acontece ainda um mal maior: é que poucos empresários, economistas e administradores não compreenderam integralmente o que mudou no mundo dos negócios. À superfície é fácil de ver as alterações que ocorreram nos últimos anos mas aquilo que aconteceu a um nível menos consciente para nós é muito maior e mais devastador.

Toda esta gente está em constante procura da "chave" para o sucesso e inventam os mais inesperados instrumentos. Agora fala-se em neuroeconomia, neuromarketing, neuroadministração!!! O que virá seguir? Veja que o prefixo "neuro" que aparece naquelas três novas palavras (já não tão novas assim) refletem uma coisa simples: buscar no estudo do cérebro (neurociência) o que falta para ajustar as mentes e os saberes dos economistas, dos marketeers e dos administradores ao incrível mundo novo que estamos enfrentando (e sem o perceber muito bem).

Estamos nos aproximando de novas descobertas que poderão conduzir a formas de maior sucesso na condução dos negócios. Na verdade, como diz o guru Tom Peters, "estamos usando ferramentas velhas num mundo que exige instrumentos radicalmente novos". E uma das ferramentas velhas que temos é o cérebro!!! É com ele que estamos governando nossas vidas, tomando decisões, jogando na bolsa, arriscando nos negócios!

Reciclando o cérebro

O design e as performances do cérebro humano têm mais de 20 mil anos, talvez mesmo 200 mil anos (partes do nosso cérebro têm mais de 8 milhões de anos e pouco evoluiram). Se o comparássemos a um automóvel isso significaria que nosso cérebro tem ainda um motor a vapor (como acontecia nos finais do século XIX). Segundo os geneticistas, são precisos mais 20 mil a 200 mil anos para que os genes tenham tempo de lhe dar nova configuração e novas capacidades (de inteligência, de criatividade, de processamento da informação, etc.). Ora os negócios não podem esperar tanto tempo. Nem nossas vidas. Nem nossos filhos.

Precisamos de aprender a utilizar o cérebro começando por abandonar ideias (e estratégias) velhas como "pensamento positivo" (bobagem) e o "poder da mente". Precisamos de sair de nossas cavernas de ignorância e descobrir os segredos que o cérebro, apesar de antigo e primitivo, ainda contem. Há também muita confusão na psicologia dos negócios (e isso tem de acabar rapidamente). Há ainda mais confusão no universo dos gurus onde cada um tenta "vender" suas receitas milagrosas (assentes em ideias da Era Industrial apesar de sua linguagem pseudo-moderna e cativante). Ora não precisamos de vendedores de artefatos de gestão antigos.

Precisamos, sim, de matéria renovada. E essa matéria está ao nosso alcance. O que temos de fazer é uma melhor e mais eficiente utilização e adminsitração das potencialidades do cérebro pois ele, apesar de antigo, oferece ainda uma margem de inovação bastante ampla (que só agora estamos captando nos centros de investigação do cérebro).

Você poderá pensar que isso é reciclar o cérebro. Talvez seja. Mas o melhor é dizer que podemos reciclar nossas ideias, crenças e conhecimentos sobre nosso cérebro. E então é altura de partirmos para a redescoberta de um admirável cérebro usando suas estruturas antigas que têm sido pouco ou mal aproveitadas.

Quer saber mais sobre oo tema? Siga-me em próximas visitas a este meu espaço no Gestópole.



Nelson Lima, PhD

nelsonlima@europe.com


Fonte: www.gestopole.com.br

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